Folha de S. Paulo


Libéria está livre da epidemia de ebola, diz OMS

Após 13 meses e quase 4.700 mortes, a Libéria parece estar livre da epidemia de ebola, segundo a Organização Mundial de Saúde anunciou neste sábado (9).

O país passou 42 dias sem registrar novos casos da doença, o dobro do período máximo de incubação do vírus. A ONU prevê que até agosto a epidemia já esteja encerrada nos outros dois países que sofrem com ela, Serra Leoa e Guiné.

A presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, visitou neste sábado centros de saúde em Monróvia, abraçando e tirando fotos com médicos e enfermeiros, ao lado da embaixadora dos EUA, Deborah Malac. Elas trocaram o "aperto de mão do ebola", batendo o antebraço sem tocar as palmas das mãos - uma das principais fontes de contágio, quando alguém que tocou secreções de pessoas infectadas não cuidou bem da higiene.

Comunidades de mulheres cristãs, chamadas "guerreiras da oração" comemoraram a erradicação dançando pelas ruas de Monróvia.

James Giahyue/Reuters
Guerreiras da oração' de comunidade cristã liberiana comemoram erradicação do ebola
'Guerreiras da oração' de comunidade cristã liberiana comemoram erradicação do ebola

Durante a epidemia, 10.322 pessoas foram infectadas pelo vírus no país, das quais 4.608 morreram. A última foi uma mulher que exibiu sintomas em 20 de março e morreu uma semana depois. As 322 pessoas que estiveram em contato com ela naquela semana foram acompanhadas durante 21 dias, sem apresentar sintomas.

"Fazemos um tributo ao governo e ao povo da Libéria, que com sua determinação venceram o ebola. Os médicos e enfermeiras nunca deixaram de tratar dos pacientes, mesmo nas ocasiões em que o material de proteção não era o adequado", diz o comunicado da OMS. Durante o combate à doença, 375 trabalhadores da saúde foram infectados e 189 morreram.

As autoridades e os sobreviventes dizem que evitam comemorar o fim do ebola na Libéria, porém, já que ela pode voltar a atacar no país se apenas um doente cruzar a fronteira, vindo de países vizinhos afetados pelo surto.

"Não devemos ser complacentes: nosso esforço coletivo deve se manter até que o surto tenha terminado na Serra Leoa e na Guiné", disse Christos Stylianides, comissário europeu de auxílio humanitário e coordenador da União Europeia para o Ebola. Tanto na Serra Leoa quanto na Guiné, continuaram a surgir novos casos. Houve nove novos relatos de pacientes doentes em cada país na semana que encerrou em 3 de maio, segundo a OMS.

Mesmo tendo estancado com sucesso o surgimento de novos casos, a Libéria ainda precisa se recuperar do efeito da epidemia em sua economia.

"Precisamos ajudar [os países afetados] a reconstruir e fortalecer seus sistemas de saúde. E precisamos nos assegurar de que os países de todo o mundo estarão melhor preparados na próxima vez em que aparecer uma epidemia como a do ebola", afirmou Stylianides.

"Estamos orgulhosos do que conseguimos fazer em conjunto, mas precisamos manter a vigilância", disse Peter Jan Graaff, líder da Missão das Nações Unidas para Resposta de Emergência ao Ebola (UNMEER, na sigla em inglês). "O vírus ainda não foi erradicado da região, e enquanto ele estiver presente todos continuamos potencialmente sob risco."

A epidemia atual surgiu em dezembro de 2013 numa região florestal de Guiné, na fronteira com a Libéria e a Serra Leoa, e rapidamente se expandiu pelos três países. Até agora, foram afetadas mais de 26 mil pessoas, das quais 11 mil morreram - ou mais de quatro mortes a cada dez doentes.


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