Folha de S. Paulo


Capital do Nepal é paisagem de barracas

Seria possível argumentar que o voo que levou a reportagem da Folha de Istambul a Katmandu, capital do Nepal, tinha das mais altas concentrações de boas pessoas.

Os passageiros pareciam ser, na maioria, membros de organizações humanitárias. Eles viajavam ao Nepal para prestar auxílio após o intenso terremoto de sábado, que deixou mais de 5.000 mortos.

Os grupos identificados pela Folha incluíam Global Outreach Doctors e a Cruz Vermelha. Alguns passageiros traziam capacetes já nas mãos. Havia também uma turma de cachorros de resgate, que voavam soltos na cabine, com focinheiras.

Apesar do horário tardio do voo, de madrugada, voluntários e membros dessas equipes trocavam experiências ("é sua primeira vez?").

Prakash Singh/AFP
Vista aérea dos escombros onde antes ficava o templo Kasthamandap, na praça Durbar, em Katmandu
Vista aérea dos escombros onde antes ficava o templo Kasthamandap, na praça Durbar, em Katmandu

Pela janela do avião, ao surgir Katmandu, viam-se por toda a cidade as barracas onde famílias ainda dormem, temendo novos tremores.

O aeroporto, apesar do desastre recente, funcionava bem. Sem muitos atrasos, passageiros recebiam vistos em guichês. A bagagem saía nas esteiras conforme possível. Nos dias anteriores, porém, com a concentração de ajuda internacional chegando e turistas saindo, os relatos eram de caos ali.

Entre os passageiros havia, também, poucos nepaleses que, diante da notícia do terremoto, decidiram voltar ao país.

Basant Pradhan, que vive hoje em Portugal, rumava à casa da família, cujos sete habitantes hoje dormem na rua enquanto parece mais seguro que o próprio teto.

"Meu avô me contava do terremoto de há oito décadas", diz à Folha. "É horrível. E nosso país é pequeno, não podemos fazer nada. Precisamos de ajuda estrangeira."


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