Folha de S. Paulo


Baltimore tem toque de recolher e estado de emergência após protestos

O governador de Maryland, Larry Hogan, declarou nesta segunda-feira (27) estado de emergência e convocou a Guarda Nacional para conter os distúrbios em Baltimore, onde confrontos entre policiais e manifestantes, a maioria negros, deixaram ao menos 15 agentes feridos.

Até a meia-noite desta segunda, 27 pessoas haviam sido presas. A prefeita de Baltimore, Stephanie Rawlings-Blake, impôs um toque de recolher na cidade, das 22h às 5h.

Grupos de jovens atearam fogo em ao menos uma viatura, destruíram outras, e arremessaram pedras, tijolos e pedaços de cano contra os policiais, que vestiam capacetes e portavam escudos. Diversas lojas foram saqueadas.

O estopim da tensão racial foi o caso do jovem negro Freddie Gray, 25, preso no dia 12 de abril, acusado de portar um canivete. Vídeos gravados por pedestres mostram que ele foi jogado no chão durante a detenção e gritava de dor ao ser posto na parte traseira de um furgão da polícia.

Ele morreu no hospital sete dias depois, em decorrência de um grave ferimento na coluna vertebral.

A polícia reconheceu que Gray não recebeu atendimento adequado e os seis agentes responsáveis pela prisão foram suspensos até o fim das investigações sobre o caso. O Departamento de Justiça também analisa a morte.

Manifestações quase diárias têm sido realizadas em Baltimore desde a morte de Gray. A mais violenta delas, até então, havia sido no sábado (25), quando 34 pessoas foram presas e seis ficaram feridas.

Com 622 mil habitantes, Baltimore foge do perfil racial de Maryland e tem maioria negra 63% da população. A cidade fica a apenas 40 minutos de trem da capital americana, Washington.

Nesta segunda (27), cerca de 3.000 pessoas, entre parentes, autoridades locais e federais e ativistas, compareceram ao velório do jovem –marcado pelas fortes críticas à conduta da polícia local.

Logo após a cerimônia começaram os atos violentos. No início da noite, manifestantes atearam fogo a prédios comerciais, causando um grande incêndio.

A secretária de Justiça americana, Loretta Lynch, que é negra, condenou a violência dos protestos. "Prestam um desserviço à família [de Freddie Gray], a seus entes queridos e a manifestantes pacíficos que trabalham para melhorar a comunidade."

O capitão Eric Kowalczyk, da polícia de Baltimore, disse se tratar de "um grupo de indivíduos fora da lei sem nenhuma preocupação com a segurança das pessoas".

Nos últimos meses, casos de negros mortos por policiais nos EUA geraram protestos em todo o país. Entre os casos emblemáticos estão os de Michael Brown, 18, em Ferguson (Missouri), e de Eric Garner, 43, em Nova York.


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