Após uma maratona de negociações em Lausanne, na Suíca, negociadores dos EUA, do Irã e de outros cinco países anunciaram nesta quinta-feira (2) que definiram um plano de ação para finalizar até 30 de junho um acordo que limitará o programa nuclear iraniano e impedirá o país de desenvolver armas atômicas.
"Conseguimos um entendimento histórico com o Irã que, se for totalmente implementado, vai evitar que o país tenha armas nucleares", afirmou, de Washington, o presidente americano, Barack Obama.
"Estou convencido de que, se esse plano de ação levar a um acordo final, ele vai tornar o nosso país, nossos aliados e nosso mundo mais seguros."
Obama defendeu que o entendimento com o Irã é um "bom acordo". "Esse pacto não é baseado na confiança, mas em uma verificação sem precedentes", disse, ressaltando que o governo iraniano concordou com uma inspeção completa de suas instalações nucleares.
Na Suíça, a chefe de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, disse que, depois de mais de uma década de negociações, um "passo decisivo" foi alcançado.
Mogherini, que leu um comunicado conjunto, afirmou que haverá várias restrições sobre a capacidade do Irã de enriquecer material que possa ser usado para a fabricação de ogivas nucleares. Segundo a representante europeia, Teerã não produzirá plutônio enriquecido no nível que possibilite a fabricação de uma bomba.
Como contrapartida, as sanções ao Irã relacionadas a seu programa nuclear serão retiradas depois que a agência nuclear da ONU confirmar que o país cumpre os pontos acordados. O levantamento das retaliações é crucial para a economia iraniana.
PLANO DE AÇÃO
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou em Lausanne que o acordo é um "consenso sobre os pontos-chave de um pacto que, uma vez implementado, dará à comunidade internacional confiança de que o programa nuclear do Irã permanecerá exclusivamente pacífico".
De acordo com um documento divulgado pelo Departamento de Estado americano, o Irã concordou em reduzir o número de centrífugas nucleares atualmente instaladas no país em dois terços —de cerca de 19 mil para 6.104— e apenas 5.000 delas poderão enriquecer urânio pelos próximos dez anos.
Win McNamee/AFP | ||
Presidente dos EUA, Barack Obama, faz pronunciamento sobre negociações nucleares com o Irã |
Além disso, o governo de Teerã não poderá, sob o acordo, enriquecer urânio a um nível acima de 3,67% (utilizado para produzir energia) por pelo menos 15 anos. Para a fabricação de uma bomba atômica, o percentual necessário é de 90%.
"Encontramos soluções, estamos prontos para começar a rascunhar [o acordo] imediatamente", afirmou o ministro iraniano, Mohammad Javad Zarif, no Twitter antes da coletiva.
As conversas desta semana tinham como meta sinalizar vontade política de todas as partes e estabelecer os pontos-chave para desenhar um acordo final em junho. "Encontramos soluções, estamos prontos para começar a rascunhar [o acordo] imediatamente", afirmou o ministro iraniano, Mohammad Javad Zarif, no Twitter antes da coletiva.
As negociações, que deveriam ter terminado na terça-feira (31), foram postergadas por duas vezes nesta semana. O principal ponto de conflito nas discussões seria a divergência entre EUA e Irã sobre o que anunciar neste momento.
Enquanto o governo de Teerã tentava adiar a resolução de questões técnicas, o governo norte-americano insistia em um rascunho detalhado do pacto.
Obama luta contra a mobilização política do Congresso americano, dominado pela oposição republicana, para aprovar novas sanções contra o Irã. As retaliações, diz, poderiam azedar um possível pacto.
Os parlamentares, em recesso até o próximo dia 14, haviam concordado em adiar a votação de projetos sobre o assunto até o fim das discussões desta semana.
Mas, para manter sua posição na queda de braço, o presidente precisava que sua equipe saísse de Lausanne com um rascunho do pacto bem construído e com definição de detalhes técnicos, o que parecia mais difícil a cada dia.