Folha de S. Paulo


Netanyahu promete que não haverá Estado palestino em seu mandato

Binyamin Netanyahu, premiê de Israel, afirmou nesta segunda-feira (16) -um dia antes das eleições- que não haverá um Estado palestino caso ele seja reeleito ao cargo.

"Todos aqueles que querem a criação de um Estado palestino e a retirada desses territórios deixam essas áreas vulneráveis a ataques de extremistas islamitas contra o Estado de Israel. Esta é a realidade que emergiu nos últimos anos."

O líder da direita israelenses contradisse, assim, seu histórico discurso de 2009, na Universidade Bar-Ilan, quando havia defendido a solução de dois Estados. Questionado sobre a contradição, o chefe de governo afirmou que a situação agora é diferente.

"Este discurso foi proferido antes da tempestade árabe chamada Primavera Árabe que varreu o Oriente Médio, trazendo o islã radical. Todo território cedido cairá nas mãos de radicais islâmicos", ressaltou. "Não se pode falar sobre a possibilidade de um acordo político viável com os palestinos."

A afirmação tem um forte significado, em um contexto político no qual Netanyahu tem visto diminuir o seu apoio entre os eleitores. Ele também prometeu mais assentamentos na Cisjordânia, e ambos os gestos são voltados à direita israelense.

Se a vitória no pleito desta terça (17) lhe parecia certa, quando convocou as eleições antecipadas, o premiê agora se depara com a perspectiva de ter um resultado pior do que o seu rival, Isaac Herzog.

Pesquisas sugerem que o Likud, partido de Netanyahu, terá 21 assentos no Parlamento, contra os 25 da União Sionista de Herzog. Isso não significa que Herzog será o próximo premiê, já que o posto em Israel depende da formação de uma coalizão.

Com declarações como a desta segunda-feira, Netanyahu se apresenta como a única figura política capaz de defender Israel de uma possível ameaça terrorista. Ele afirmou que um Estado palestino traria riscos à segurança interna israelense.

Herzog, por sua vez, defende o retorno das negociações com a Autoridade Nacional Palestina. A posição assusta a direita israelense, como os colonos da Cisjordânia, que temem a entrega desse território aos palestinos.

QUEBRA-CABEÇA

Resultados preliminares devem ser divulgados na noite de terça-feira, mas o anúncio oficial será feito apenas em 25 de março. Na sequência, o presidente Reuven Rivlin deve anunciar a quem entregará a tarefa de construir uma nova coalizão para o governo israelense.

Por ora, é impossível prever qual será o resultado. Ambos os candidatos, Netanyahu e Herzog, negociarão com os demais partidos para encontrar uma fórmula com a qual consigam somar 61 assentos no Parlamento.

Nesse contexto, partidos de centro como o Yesh Atid, de Yair Lapid, e Kulanu, de Moshe Kahlon, terão um papel fundamental. Também serão importantes os partidos ultra-ortodoxos, como Shas e o Judaísmo da Torá Unida.


Endereço da página: