Folha de S. Paulo


Dinamarca convida sul da Suécia a fazer parte da Grande Copenhague

No seriado escandinavo "The Bridge", um policial de Copenhague, na Dinamarca, e uma investigadora de Malmö, na Suécia, se unem para solucionar um assassinato misterioso ocorrido no meio da ponte de Öresund, que liga os dois países.

Agora, o prefeito de Copenhague, Frank Jensen, quer adaptar a popularidade internacional da parceria entre os policiais Saga Noren e Martin Rohde para ampliar as possibilidades comerciais da região e atrair ainda mais inovação a uma região já pujante, mas que cresce menos do que as de Estocolmo, na Suécia, ou Amsterdã, na Holanda.

Três séculos e meio depois de a Dinamarca perder a província da Escânia para a Suécia, num tratado de 1658 após uma guerra sangrenta, Jensen quer a adesão dos municípios do sul da Suécia à região binacional da "Grande Copenhague", o que, espera, deve aumentar as oportunidades turísticas e comerciais da região.

Em termos brasileiros, é como se argentinos convidassem Porto Alegre a fazer parte da Grande Buenos Aires.

Ainda que a região já tenha um nome próprio - região do Öresund - Jensen afirmou na última sexta-feira (6) que é um nome bastante obscuro. Para melhor vender a região, seria preciso uma "marca que realmente funcione".

"Juntos, teremos 3,8 milhões de habitantes, 11 universidades com 150 mil estudantes e muitos PhDs, então seremos um lugar interessante para instalar sua base europeia ou escandinava", disse Jensen ao jornal britânico "The Guardian".

Do lado sueco, os líderes locais da Escânia têm alguma simpatia à ideia de usar a marca "Grande Copenhague" em alguns contextos, mas ninguém decidiu nada. Afinal, 357 anos de independência têm algum peso de orgulho.

Algum grau de união entre os dois lados da ponte já existe desde 2000, quando foi inaugurada a ponte que batiza o seriado, ligando os dois países sobre o estreito de Öresund.

A rapidez da passagem ajuda dinamarqueses a procurar atendimento médico do lado sueco em dias úteis e suecos a procurar a cerveja mais barata do lado dinamarquês nos finais de semana, escapulindo do monopólio estatal sueco da venda de bebidas alcoólicas.

Até nas horas difíceis existe alguma ligação entre os dois lados da ponte: quando Omar El-Hussein atacou a tiros um evento sobre liberdade de expressão, em 14 de fevereiro, o homenageado era o cartunista sueco Lars Vilks, que vive em Malmö. No final de fevereiro, muçulmanos fizeram eventos nos dois países em nome da paz e da tolerância.


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