Folha de S. Paulo


Obama propõe autorização de guerra contra o Estado Islâmico

O presidente dos EUA, Barack Obama, pediu nesta quarta-feira (11) ao Congresso para que autorize formalmente o uso de força militar contra o Estado Islâmico (EI), argumentando que a facção militante poderia ameaçar o território americano se sua violenta tomada de poder ficar sem acompanhamento.

O líder americano também conclamou os congressistas a "mostrar ao mundo que estamos unidos em nossa decisão de conter a ameaça".

O presidente eleito com a promessa de pôr fim às guerras norte-americanas enviou ao Congresso uma proposta de resolução para autorização de força militar contra a milícia, que submete o Iraque e a Síria a regras violentas e matou reféns americanos e de países aliados em brutais vídeos de propaganda.

Yin Bogu - 21.jan.2015/Xinhua
Presidente dos EUA, Barack Obama, faz discurso sobre o Estado da União em janeiro
Presidente dos EUA, Barack Obama, faz discurso sobre o Estado da União em janeiro

A proposta de Obama bane "operações de combate duradouras", um novo termo nas autorizações de força militar. Sua ambiguidade tem o objetivo de pôr fim à divisão entre legisladores que se opõem às tropas terrestres e aqueles que dizem que o comandante-chefe deveria manter essa opção.

Obama afirmou que seu esboço não autorizaria operações de longa duração e em larga escala como as empregadas no Iraque e no Afeganistão, argumentando que esses combates deveriam ser deixados para forças locais em vez do Exército americano.

"A autorização que eu proponho ofereceria a flexibilidade para conduzir operações de combate terrestres em circunstâncias mais limitadas, como operações de resgate envolvendo oficiais dos EUA ou da coalizão ou o uso de forças de operações especiais para adotar ações contra a liderança do EI", disse.

Em uma carta acompanhando o esboço de resolução de três páginas, Obama disse que o Estado Islâmico "representa uma ameaça à população e à estabilidade do Iraque, da Síria, do restante do Oriente Médio e à segurança nacional dos EUA".

"Ele ameaça os funcionários e as instalações dos EUA localizados na região e é responsável pelas mortes dos cidadãos americanos James Foley, Steven Sotloff, Abdul-Rahman Peter Kassig e Kayla Mueller, disse, listando os reféns dos EUA que morreram sob custódia da facção.

Obama falou sobre seu pedido a partir da Casa Branca na tarde desta quarta.

A proposta lança um debate ideológico sobre quais autoridades e limitações o presidente deveria ter em perseguir extremistas, com a sombra da perda de vidas americanas sobre seu destino.

A confirmação da morte da trabalhadora humanitária Mueller, de 26 anos, na véspera da apresentação do pedido impôs uma nova urgência, enquanto o custo das prolongadas guerras no Iraque e no Afeganistão são uma recomendação de cautela para alguns congressistas contra outra campanha militar prolongada.

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OS PRINCIPAIS PONTOS DO PROJETO PARA COMBATER O EI

Obama oferece limitar a autorização a três anos, estendendo ao próximo presidente os poderes e o debate sobre a renovação para o que ele antevê como uma longa batalha. Ele propõe nenhuma limitação geográfica para até onde as forças americanas poderiam ir para perseguir combatentes.

A autorização cobre o Estado Islâmico e "forças e pessoas associadas", definidas como aquelas que lutam em nome ou ao lado do EI "ou qualquer entidade sucessora relacionada a hostilidades contra os EUA ou seus parceiros de coalizão".

A resolução de Obama repele a autorização de 2002 para força no Iraque, mas mantém uma autorização de 2001 contra a Al Qaeda no Afeganistão, embora o presidente americano tenha dito em sua carta aos congressistas que seu objetivo é refinar e em última análise revogar essa mesma autorização.


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