Folha de S. Paulo


Em meio a diálogo por trégua, Exército e rebeldes se enfrentam na Ucrânia

Os combates entre o Exército e os separatistas pró-Rússia continuaram nesta quarta-feira (11) no leste da Ucrânia, horas antes do início das negociações por um cessar-fogo nesta região.

Pelo menos seis pessoas morreram e outras oito ficaram feridas após morteiros serem disparados contra um terminal de ônibus em Donetsk. Segundo a prefeitura, as bombas atingiram dois veículos do transporte público e a entrada de uma metalúrgica.

Maxim Shemetov/Reuters
Soldado separatista vigia terminal de ônibus destruído por bombardeio na cidade de Donetsk, na Ucrânia
Soldado separatista vigia terminal de ônibus destruído por bombardeio na cidade de Donetsk, na Ucrânia

A ação acontece pouco mais de 24 horas depois que uma série de bombardeios atingiu a sede do Estado-Maior e um distrito residencial de Kramatorsk, a 96 km de Donetsk, provocando a morte de 16 pessoas e deixando outros 48 feridos.

As autoridades ucranianas afirmam que o ataque foi lançado pelos rebeldes desde Horlivka, cidade a 50 km de Kramatorsk. Os separatistas negam, dizendo que não teriam poder de fogo para bombardear a região a distância.

Além das mortes de civis nas duas cidades, o Exército ucraniano informou que pelo menos 19 soldados morreram e outros 78 ficaram feridos nas últimas 24 horas, a maioria em Debaltseve, área disputada com os separatistas há duas semanas.

Em visita a Kramatorsk, o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, disse que buscará paz incondicional na reunião com o líder russo, Vladimir Putin, os separatistas, o mandatário francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel.

"Nós pedimos uma paz incondicional. Exigimos um cessar-fogo, uma retirada de todas as tropas estrangeiras e o fechamento da fronteira. Nós chegaremos a um compromisso no interior do país."

Poroshenko afirmou ainda que poderá declarar a lei marcial se a escalada no conflito continua no leste do país. "Somos a favor da paz, mas se temos que quebrar os dentes, quebraremos. Temos que defender nosso país até o final."

Mikhail Palinchak/Reuters
Presidente ucraniano, Petro Poroshenko (centro), é visto perto de restos de munição em Kramatorsk
Presidente ucraniano, Petro Poroshenko (centro), é visto perto de restos de munição em Kramatorsk

O líder da autoproclamada República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, disse, no entanto, que é prematuro falar em trégua e que ainda não foram concluídas as negociações com as autoridades ucranianas.

ENCONTRO

Belarus informou que o encontro de Minsk deverá começar por volta das 18h locais (13h em Brasília). Mais cedo, a França e a Alemanha, que medeiam o conflito, pediram aos dois lados do conflito que evitem hostilidades durante o diálogo.

Em entrevista, o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse que ainda há diversos problemas a serem solucionados na negociação. "Há uma série de problemas a serem resolvidos, mas provavelmente vamos avançar. É realmente uma última chance de diálogo", disse.

Dentre as dificuldades, estão as garantias de soberania na fronteira entre os dois países, as perspectivas de um cessar-fogo, a entrega de armas e a troca de prisioneiros.

O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que houve "avanços consideráveis" nas negociações prévias ao encontro. Já o governo alemão ainda considera incerta a possibilidade de um acordo.


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