Folha de S. Paulo


Nigéria adia eleições presidenciais para enfrentar Boko Haram

A Comissão Eleitoral da Nigéria anunciou neste sábado (7) que a eleição presidencial, inicialmente prevista para 14 de fevereiro, foi adiada para 28 de março, devido às ações militares contra o grupo islamita nigeriano Boko Haram.

O presidente do órgão, Attahiru Jega, disse que as autoridades do setor de segurança informaram que as tropas não estariam disponíveis para garantir o correto andamento do pleito eleitoral.

"Se a segurança do pessoal, dos eleitores, dos observadores e do material eleitoral não puder ser garantida, a vida de jovens inocentes (...) e a perspectiva de eleições livres, justas e críveis podem correr perigo", explicou à imprensa.

Grupos de direitos civis organizaram um pequeno protesto, também neste sábado, contra qualquer proposta de adiamento. A polícia impediu-os de entrar na sede da comissão eleitoral em Abuja, capital da Nigéria. Policiais armados bloquearam estradas que levavam ao prédio.

Uma grande ofensiva com aviões de guerra e tropas terrestres do Chade e da Nigéria já forçou os insurgentes a se retirarem de uma dúzia de cidades e aldeias nos últimos dez dias. Ataques militares ainda maiores organizados por mais países estão sendo planejados.

Autoridades da União Africana e representantes de países que apoiam a iniciativa encerraram uma reunião de três dias em Yaoundé, capital de Camarões, para finalizar os detalhes de uma força de 7.500 homens de Nigéria, Chad, Camarões, Benin e Níger. Detalhes do financiamento, que os africanos esperam de Nações Unidas e da União Europeia, podem atrasar a missão.

O grupo extremista surgido na Nigéria respondeu com ataques a uma cidade de Camarões e a duas do Níger nesta semana. Oficiais dizem que mais de 100 civis foram mortos e 500 ficaram feridos no caso camaronês. O Níger informa que cerca de cem insurgentes e um civil morreram nos ataques de sexta-feira (6) no país. Vários integrantes das forças de segurança das duas nações foram mortos.

A preocupação internacional cresceu com o aumento do número de vítimas: cerca de 10 mil morreram com os ataques extremistas no ano passado, ante dois mil nos quatro anos anteriores, de acordo com o "Council on Foreing Relations", centro de estudos norte-americano.

Os Estados Unidos pressionavam a Nigéria a manter as eleições. O Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, visitou a Nigéria há duas semanas e disse que "uma das melhores maneiras de lutar contra Boko Haram" era realizando eleições pacíficas, na hora certa.


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