Folha de S. Paulo


Vídeo mostra suposta decapitação de refém japonês pelo Estado Islâmico

Youtube/Reprodução
Nas imagens, um homem que se diz militante do Estado Islâmico mata um refém que seria Kenji Goto
Nas imagens, um homem que se diz militante do Estado Islâmico mata um refém que seria Kenji Goto

Um vídeo divulgado neste sábado (31) em sites ligados a grupos radicais islâmicos mostra um militante do Estado Islâmico matando o jornalista japonês Kenji Goto, 47, que era mantido refém pela milícia há três meses na Síria.

Na gravação, publicada sob o título "Uma mensagem ao governo do Japão", um homem vestido de preto e encapuzado aparece com o refém japonês, que traja um macacão laranja, similar à roupa usada pelos presos da base americana de Guantánamo.

Com sotaque britânico, o militante afirma que mata o refém japonês devido à contribuição de US$ 200 milhões feita pelo governo do primeiro-ministro Shinzo Abe para os combatentes contrários o EI na Síria e no Iraque.

"Abe, devido à decisão imprudente de participar desta guerra que vocês não vencerão, este homem não só abaterá Kenji, mas também provocará uma carnificina onde seu povo estiver. Então, que comece o pesadelo para o Japão", disse o militante.

Na cena seguinte, o corpo de Goto aparece com a cabeça cortada, seguindo o mesmo roteiro de outros vídeos feitos pelo Estado Islâmico. O ministro da Defesa do Japão, Gen Nakatani, disse que o vídeo parece ser autêntico.

O primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, disse que o Japão não se renderá ao terrorismo. "Estou extremamente furioso por estes atos odiosos e desprezíveis. Nunca perdoaremos os terroristas".

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chamou a ação de "assassinato hediondo" e mandou as condolências à família de Goto. Além de Obama, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o governo francês condenaram a nova decapitação do Estado Islâmico.

CAPTURA

Experiente correspondente de guerra, Kenji Goto foi capturado em outubro pelo Estado Islâmico, depois que viajou à Síria para tentar libertar o empresário Haruna Yukawa, 42, que havia sido sequestrado em setembro.

No dia 20, o EI pediu US$ 200 milhões de recompensa ao Japão para liberar os dois, com um ultimato de três dias. Diante da negativa do governo japonês, Yukawa teve a cabeça cortada pelos militantes do Estado Islâmico.

A notícia da decapitação veio em vídeo divulgado no dia 24. Nele, os militantes fizeram uma nova exigência para libertar o jornalista: que o Japão negociasse com a Jordânia a soltura da iraquana Sajida al-Rishawi.
Rishawi foi condenada à morte pela Justiça jordaniana por tentar atacar um hotel em Amã em 2005, a mando da filial iraquiana da rede terrorista Al Qaeda, berço dos principais dirigentes do EI.

Após o novo pedido, as autoridades do Japão e da Jordânia se reuniram para tentar resolver a crise. O país árabe propõe trocar Rishawi pelo piloto Muath al-Kaseasbeh, capturado em dezembro, desde que houvesse provas de que o refém estava vivo.

O Estado Islâmico faz uma contra-proposta, dizendo que libertaria Kenji Goto e manteria vivo o jordaniano em troca da presa, dando quatro dias de prazo para a libertação da iraquiana. Diante da falta de resposta da Jordânia, Goto foi decapitado.


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