Folha de S. Paulo


Nas redes sociais, italianos tentam decifrar quem é o novo presidente

"Chi è?" (Quem é?). A julgar pela pergunta que agora inunda as redes sociais na Itália, Sergio Mattarella, 73, juiz da corte constitucional eleito presidente do país na manhã deste sábado (31), é uma incógnita para os próprios italianos.

Considerada uma vitória política do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, um ex-prefeito de Florença (2009-2014) de apenas 40 anos que, como Mattarella, integra o Partido Democrático (PD), a eleição do novo presidente foi também elogiada pelo ex-presidente Giorgio Napolitano, 89, que renunciou em 14 de janeiro alegando idade avançada.

O curioso é que, ao contrário do florentino Renzi, considerado um crítico do crônico imobilismo do sistema italiano, Mattarella é um político da velha guarda que, nascido em Palermo, na Sicília, entrou na política ainda jovem depois que seu irmão, outro político democrata-cristão, foi assassinado pela máfia, em 1980.

Filippo Monteforte/AFP
Sergio Mattarella, que eleito novo presidente da Itália e é tido como "anti-Berlusconi"
Sergio Mattarella, que eleito novo presidente da Itália e é tido como "anti-Berlusconi"

Bernardo Mattarella, pai do presidente recém-eleito, morreu em 1968 e também foi político da Democracia Cristã (DC), nos anos 1950.

Com o ocaso da DC, partido a que era umbelicalmente ligado e pelo qual havia sido deputado de 1983 a 2008, Mattarella foi um dos protagonistas da fundação do Partido Popular Italiano (PPI) em 1994, migrando depois para o la Margherita.

Seu perfil é tão reservado que a agência noticiosa italiana Ansa já o chamou de "quasi muto" (quase mudo).

Escolhido pelo Parlamento num quarto escrutínio, depois dos demais candidatos fracassaram na obtenção dos apoios necessários, ele se torna o 12º presidente da República da Itália.
Mattarella, que já foi ministro para as Relações com o Parlamento (1987-1989), da Educação (1989-1990) e da Defesa (1999-2001), foi eleito juiz constitucional pelo Congresso em 2011.

Além de calado, o novo presidente é considerado um moderado e, em função disso, Renzi espera ter nele um negociador com demais partidos num momento em que, mais ruidosa do que nunca, a opinião pública italiana quer respostas e reações que tirem o país de uma das maiores crises econômico-institucionais de sua história.


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