Folha de S. Paulo


Premiê grego suspende privatizações; mercado responde negativamente

O recém-empossado premiê da Grécia, Alexis Tsipras, suspendeu na quarta-feira (28) projetos de privatização acordados anteriormente com credores internacionais, levando ao terceiro dia consecutivo de perdas no mercado financeiro.

Após suspender a privatização do porto de Pireus na terça (27), o governo grego anunciou a suspensão de todos os planos de privatização previstos no pacote de ajuda financeira alcançado com parceiros internacionais em 2013.

Louisa Gouliamaki/AFP
Alexis Tsipras, líder do Syriza, nas eleições de domingo. Premiê suspendeu privatizações
Alexis Tsipras, líder do Syriza, nas eleições de domingo. Premiê suspendeu privatizações

O governo também indicou que deve interromper a venda de ações da empresa estatal de energia e da refinaria Petróleo Helênico, além de congelar concessões de estradas e aeroportos.

Em sua primeira reunião de gabinete, Tsipras disse que não poderia desapontar os eleitores que garantiram a vitória do Syriza no domingo (25). O partido de esquerda construiu sua campanha em promessas antiausteridade.

O mercado financeiro respondeu negativamente aos anúncios de quarta-feira. Ações de bancos gregos caíram 26% em um dia, enquanto o índice da Bolsa de Valores de Atenas caiu 9%.

A eleição do Syriza provocou atritos entre a Grécia e seus parceiros econômicos internacionais.

O premiê grego afirmou que o governo não vai romper com credores, mas insistiu que a Grécia não desistirá de renegociar sua dívida. O Syriza defende o perdão de 50% da dívida, hoje em torno de € 320 bilhões (175% do PIB), e uma moratória temporária do restante.

"Nós não vamos entrar em um confronto mutuamente destrutivo, mas não aceitamos uma política de submissão", disse Tsipras.

A França indicou que um cancelamento total da dívida grega não está na mesa de negociação, mas que está disposta a tornar a situação mais sustentável.

O ministro da economia da Alemanha, Sigmar Gabriel, disse que Atenas deveria ter discutido com os seus parceiros antes de anunciar a suspensão das privatizações.


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