Folha de S. Paulo


EI está praticamente derrotado em Kobani, dizem ativistas e oficial curdo

A milícia radical Estado Islâmico (EI) está prestes a ser derrotada na cidade síria de Kobani, informaram nesta segunda-feira (26) ativistas locais e oficiais curdos.

A retirada do EI significaria uma vitória simbólica tanto para os curdos quanto para a coalizão liderada pelos EUA que bombardeia posições dos extremistas na região.

O vice-ministro de Relações Exteriores do governo autônomo de Kobani, Idris Nuaman, informou à agência EFE que após avanços na noite de domingo, as Unidades de Proteção do Povo (UPPs), milícias curdo-sírias, recuperaram quase o domínio completo da cidade. Mesmo assim, ainda há combates no bairro de Kani Kordane, no leste da localidade, onde os jihadistas haviam se concentrado. Nuaman informou que ainda nesta segunda ou na terça os curdos poderão proclamar que Kobani é uma cidade libre do EI.

O ativista Mustava Bali confirmou que a maior parte da cidade está nas mãos das forças curdas, mas que ainda há enfrentamentos em Kani Kordane.

Já o Observatório Sírio de Direitos humanos aponta que Kani Kordane já estaria sob controle curdo, mas que conflitos continuam no distrito vizinho de Meqtel.

Em setembro, o Estado Islâmico havia capturado cerca de 300 vilarejos curdos perto de Kobani e atacado a cidade propriamente dita.

Um mês depois, o EI controlava quase a totalidade do local e chegou a fazer um vídeo de propaganda mostrando o jornalista britânico John Cantlie -que é refém do grupo– falando de dentro da cidade.

Na ocasião, a gravação tinha como objetivo informar que o Estado Islâmico avançava apesar dos ataques aéreos da coalizão liderada pelos EUA.

A cidade, cuja captura daria aos jihadistas controle de uma parte da fronteira da Síria com a Turquia, se tornou um ponto central dos ataques da coalizão.

O secretário de Estado americano, John Kerry, declarou que seria "moralmente muito difícil" não ajudar a resistência em Kobani.

Os ataques da coalizão começaram em 23 de setembro, tendo a cidade como alvo em média seis vezes por dia, às vezes mais.

Mais de 80% dos ataques liderados pelos EUA foram dentro ou nos arredores de Kobani.

Analistas e ativistas curdos e sírios creditam à coalizão e à chegada dos fortemente armados peshmerga –combatentes curdos do Iraque, que neutralizaram a vantagem que a artilharia jihadista possuía– a reconquista de áreas-chave da cidade.

Desde a metade de setembro, a batalha em Kobani deixou cerca de 1.600 mortos, dos quais 1.075 eram militantes do EI, 459 combatentes curdos e 32 civis, de acordo com relatório do Observatório.

O Estado Islâmico, cada vez mais sob pressão, realizou cerca de 35 ataques suicidas em Kobani segundo ativistas.


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