Folha de S. Paulo


Sepultamento de promotor pode levar a impasse

Ainda não há previsão de quando será enterrado o corpo do promotor Alberto Nisman, mas, caso ele seja sepultado em um cemitério judaico, pode haver um impasse.

Nos preceitos da religião, os suicidas são enterrados em uma ala separada dos demais judeus. Como ainda não há certeza de que ele se suicidou, caberá à entidade que gerencia os cemitérios judaicos decidir o que fazer.

Em Buenos Aires, a responsável é justamente a Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), alvo do atentado de 1994 que Nisman investigava. A associação afirma que nenhum familiar do promotor morto fez contato para os trâmites do funeral.

A promotora Viviana Fein, que investiga o caso, o classificou como uma "morte duvidosa", mas disse que o disparo foi feito pelo próprio promotor. Ela também trabalha com a hipótese de ser um "suicídio induzido".

Já o secretário de Segurança argentino, Sergio Berni, mudou sua versão inicial de suicídio e declarou nesta terça que "não se deve descartar nada".

No jornal "La Nación" de terça (20), a família publicou um comunicado sobre o falecimento no qual indica que não concorda com a possibilidade de que Nisman tenha se matado.

"Uma profunda tristeza e dor por sua morte tão injusta. Vamos sentir muitas saudades. Admiramos e agradecemos sua grande valentia. [Você] nos deixa um legado importantíssimo que é contribuir e lutar para que haja justiça".

Um caso parecido aconteceu no Brasil em 1975, quando o jornalista Vladimir Herzog, que era judeu, morreu no prédio do DOI-Codi em São Paulo. A versão dos militares é que ele teria se suicidado ao se enforcar com um cinto.

Mesmo assim, o rabino Henry Sobel decidiu que Herzog não seria enterrado no setor de suicidas do cemitério.


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