Folha de S. Paulo


Passeatas contra Pegida reúnem milhares na Alemanha

Aproximadamente 10 mil pessoas foram às ruas de Munique, na Alemanha, nesta segunda-feira (19) a favor da tolerância e contra o movimento Pegida ("Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente", na sigla em alemão).

A marcha aconteceu em tom festivo, com cartazes a favor da convivência e dos abrigos, conforme o modelo seguido nas semanas anteriores e como forma de resposta às manifestações dessa organização.

Outras manifestações parecidas, embora com menores proporções, foram registradas em Würzburg, com 1.200 cidadãos, e em Nuremberg, com mil pessoas.

Maja Hitij/Efe
Manifestantes seguram placas iluminadas onde se lê
Manifestantes seguram placas iluminadas onde se lê "parem nazistas", em Dusseldorf, na Alemanha.

Em Berlim, uma centena de pessoas da "Bärgida", versão do Pegida na capital, se concentrou, enquanto em Dresden outra centena de seguidores desse movimento realizou sua concentração semanal, apesar de ter sido desconvocada.

PASSEATA CANCELADA

A própria direção do Pegida cancelou sua convocação para a passeata em Dresden após ameaças de morte contra seu principal impulsor, Lutz Bachmann.

Com o cancelamento, o grupo pediu que "todos os europeus que são a favor da liberdade de expressão e contra os fanatismos religiosos" coloquem nas janelas uma bandeira nacional e uma vela.

A polícia de Dresden optou por proibir todo ato ao ar livre, por conta das constantes "ameaças concretas" de um possível atentado terrorista contra a passeata do Pegida ou, inclusive, contra a estação ferroviária central.

Em comunicado, o comando da polícia de Dresden explicou que, com base em informações recebidas das forças de segurança federais e estaduais, houve uma convocação a possíveis terroristas para que se misturem entre os manifestantes e provoquem um atentado contra Bachmann.

As autoridades ligam essa informação a uma mensagem enviada pelo Twitter, que, em árabe, considera o Pegida como "inimigo do Islã". O jornal "Bild" informou que na sexta-feira passada (16) foi detectada a ordem de atentar contra Bachmann durante a manifestação.

A marcha de hoje seria o 13º protesto do Pegida em Dresden, onde na segunda-feira passada (12), após os atentados terroristas em Paris, o grupo levou às ruas 25 mil pessoas, um recorde nas manifestações convocadas pelo grupo.

DIREITOS DE REUNIÃO

Nesta segunda-feira (19), o grupo reivindicou os direitos de reunião e expressão após a proibição de seu protesto.

Em entrevista coletiva, Bachmann, presidente do Pegida, e Kathrin Oertel, porta-voz do movimento, explicaram os motivos pelos quais o protesto marcado para hoje foi cancelado.

"Não vamos deixar que roubem nosso direito de reunião e expressão", afirmou Oertel.

Robert Michael/AFP
Lutz Bachmann (E) e Kathrin Oertel em entrevista coletiva do Pegida. Grupo reivindica direitos.
Lutz Bachmann (E) e Kathrin Oertel em entrevista coletiva do Pegida. Grupo reivindica direitos.

A porta-voz argumentou que consideram como "responsabilidade" da diretoria do movimento a segurança dos participantes da manifestação e que a polícia comunicou os riscos para a convocação de hoje.

Bachmann reiterou os seis pontos apresentados pelo Pegida como propostas na semana passada, entre os quais se destacam o endurecimento da política de imigração e a expulsão de "fanáticos religiosos e islamitas".

O movimento também defende nessa declaração de prioridades a buscar de um novo entendimento com a Rússia, devolver competências comunitárias aos estados nacionais da União Europeia e reforçar os recursos humanos e materiais das forças de segurança alemãs.

O Pegida reconheceu que o fato de o jihadismo ser capaz de impedir o exercício de um direito constitucional representa um "grave dano" à liberdade de expressão, mas ressaltou que optou por dar prioridade à segurança.


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