Folha de S. Paulo


Em vídeo, Al Qaeda no Iêmen volta a reivindicar ataque ao "Charlie Hebdo"

A Al Qaeda na Península Arábica, filial da rede terrorista no Iêmen, reivindicou nesta quarta-feira (14) em vídeo ter ordenado o atentado contra a redação do jornal satírico francês "Charlie Hebdo", em Paris, há uma semana.

Na gravação, Nasr bin Ali al-Ansi afirma que os irmãos Said e Chérif Kouachi, que invadiram o semanário e mataram 12 pessoas, "foram apontados" pelo grupo para realizar o atentado, em vingança à publicação de charges do profeta Maomé.

Veja vídeo

"Em relação à batalha abençoada de Paris, nós, a Organização da Al Qaeda na Península Arábica, reivindicamos a autoria desta operação como uma vingança à mensagem de Alá", afirma.

"Além da cúpula da Al Qaeda na Península Arábica, o ataque foi feito cumprindo com a ordem de Ayman al-Zawahri [líder da rede terrorista] e como vontade póstuma de Osama bin Laden".

Ansi disse ainda que a França "pertence ao partido do Diabo" e alertou para novos atentados no país. A filial da Al Qaeda no Iêmen já havia afirmado na última sexta (9) ser responsável pelo atentado na capital francesa.

Said, o irmão Kouachi mais velho, fez treinamento militar no país do Oriente Médio em 2011. Durante o atentado, um deles teria dito às testemunhas que agia em nome da Al Qaeda na Península Arábica.

Os dois ainda disseram que seguiam orientações de Anwar al-Awlaki, clérigo radical americano-iemenita que foi morto em 2011 em um ataque aéreo dos EUA. Os irmãos Kouachi foram mortos em um cerco policial na periferia de Paris na sexta (9).

As autoridades francesas afirmam que eles agiram em coordenação com Amedy Coulibaly, suspeito de ter matado uma policial em Montrouge na quinta (8), e autor da invasão a um mercado judaico da capital francesa, que deixou quatro reféns mortos.

Nesta quarta, o jornal belga "Le Soir" informou que foi preso em Charleroi, no sul do país, o homem que vendeu os fuzis AK-47 e a pistola usados pelos terroristas nos ataques.

Segundo a publicação, o primeiro contato com o vendedor foi feito por Amedy Coulibaly. O armamento teria sido comprado por menos de € 5.000 (R$ 15.750) cada e entregue na estação Midi, a principal de Bruxelas.

Policiais ouvidos pelo jornal afirmam que o traficante teria se entregado após descobrir que Coulibaly teria dito ser membro do Estado Islâmico. A informação não foi confirmada de forma oficial pelas autoridades belgas.

JORNAL

O vídeo é divulgado horas depois de sair a primeira edição do "Charlie Hebdo" após o atentado, com uma nova caricatura de Maomé. A tiragem inicial, prevista para ter 3 milhões de exemplares, esgotou-se antes do amanhecer na França.

A distribuidora informou que o semanário decidiu expandir sua tiragem para 5 milhões de exemplares, que começarão a ser enviados às bancas em remessas de 500 mil cópias diárias.

Embora tenha se tornado um sucesso de vendas nas bancas, a nova edição é duramente criticada por países e organizações muçulmanas por trazer outra representação do profeta principal do islamismo.


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