Folha de S. Paulo


França deve endurecer medidas contra terrorismo

Em resposta ao atentado ao jornal "Charlie Hebdo", a França deve elevar os gastos em inteligência e discutir com aliados o endurecimento das medidas contra o terrorismo.

Segundo o primeiro-ministro Manuel Valls, o país enfrenta uma grande ameaça, que deve durar de dois a três anos, e, por isso, deve reagir.

Para ele, o principal foco deve ser impedir a ida de franceses para campos de batalha de grupos radicais islâmicos no Oriente Médio.

"Há uma nova lei antiterrorismo que deve ser aprovada nas próximas semanas. Nós precisamos lutar contra essas idas ao exterior, essa radicalização na internet e destinar mais recursos aos nossos serviços de inteligência".

Para ele, os ataques a qualquer religião devem ser encarados como ataques à França e aos valores defendidos no país. "Nós começamos uma guerra contra o terrorismo, não contra o islã".

Antes da morte dos dois irmãos que seriam os atiradores que invadiram o semanário, o presidente François Hollande disse que as medidas contra o terrorismo serão definidas "em nível europeu".

A reação deverá ser anunciada após uma reunião de ministros do Interior de 12 países do continente, incluindo Reino Unido, Espanha, Itália e Alemanha, neste domingo (11), em Paris.

Também participarão do encontro o secretário de Justiça americano, Eric Holder, e os comissários da União Europeia para imigração e de combate ao terrorismo.

Devido à presença americana e dos funcionários do bloco europeu, a expectativa é que seja anunciada uma nova ofensiva contra o terrorismo no Oriente Médio. Franceses, britânicos e americanos participam das operações contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Por outro lado, os países europeus devem anunciar o endurecimento na entrada de imigrantes, assim como aumentar o controle na saída e na volta dos europeus que formam as filas de grupos radicais islâmicos.

ERROS

Em entrevista à emissora TF1, Manuel Valls tentou amenizar as falhas do sistema de inteligência, que sabia da radicalização dos irmãos Kouachi, mas não pôde evitar o atentado.

"Não há risco zero. Nós sempre sabemos que podemos ser atingidos. Há sempre o risco de falhas. Nós precisamos saber e analisar o que aconteceu", disse.

Por outro lado, reconheceu que houve erros nas operações policiais nos ataques. "Quando há 17 mortes, houve falhas. Dezessete mortos em três dias é um fato que não acontecia há décadas".

Especialistas criticam o baixo monitoramento aos irmãos Kouachi, em especial após a ida do mais velho, Said, ao Iêmen em 2011.

Outros pontos são a baixa proteção policial à redação do "Charlie Hebdo" e as falhas na cooperação de segurança e inteligência entre Estados Unidos e França.


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