Folha de S. Paulo


Manifestação reúne 35 mil pessoas em Paris em repúdio a ataque

No fim da tarde desta quarta (7), cerca de 35 mil pessoas –segundo a polícia francesa– se reuniram na Place de la République (Praça da República), em Paris, para homenagear os jornalistas do jornal satírico "Charlie Hebdo mortos em um atentado terrorista realizado pela manhã.

A manifestação foi organizada por um conjunto de partidos de esquerda encabeçado pelo Partido Comunista Francês (PCF) e pela Frente de Esquerda, e ocorre pacificamente até o momento. Ao menos 12 pessoas morreram no atentado.

O protesto ganhou corpo gradualmente, à medida em que termina o expediente na capital francesa.

Os manifestantes exibem broches com a inscrição "o ser humano em primeiro lugar" e cartazes com a frase "eu sou Charlie". Eles também exibem mensagens em defesa da liberdade de imprensa e contra o extremismo político. Há gritos de "Charlie! Charlie!" e "Não tenham medo!", seguidos de salvas de palmas.

Para o jornalista Quentin Pichon, o maior receio é a estigmatização dos árabes na França.

"Não podemos deixar que uma comunidade numerosa e que vive bem na França seja igualada aos selvagens que invadiram o jornal", pondera.

Para o professor Bruno Mer, o que aconteceu nesta quarta-feira é resultado de uma sociedade francesa excludente, que incita à radicalização. "Uma sociedade que não dá chances de integração vive sempre sob a ameaça de episódios assim", afirmou.

Gustavo Ribeiro/Folhapress
Jornalista francês Quentin Pichon (à esq.) durante protesto contra o ataque ao jornal
Jornalista Quentin Pichon (à esq.) durante protesto contra o ataque ao jornal "Charlie Hebdo" em Paris

"Estou revoltado com o que aconteceu. Espero que isso não cause ainda mais divisão na sociedade francesa. Como imigrante, tenho medo que o atentado de hoje provoque reações xenófobas contra todos os 'não-franceses'. O que ocorreu hoje foi um absurdo", disse o estudante brasileiro Bruno da Silva, 18, que mora há sete anos na França.

Por enquanto, não há previsão de marcha dos manifestantes a partir da Praça da República. Segundo Laurent Klajnbaum, diretor de comunicação do PCF e organizador da manifestação, por enquanto a polícia autorizou apenas a aglomeração na praça, um ponto central da capital francesa.


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