Folha de S. Paulo


Coreia do Norte culpa EUA por falhas em internet e chama Obama de 'macaco'

Em mais um capítulo da polêmica por conta da comédia "A Entrevista", a Coreia do Norte comparou neste sábado (27) o presidente dos EUA, Barack Obama, a um macaco e culpou o país rival por recentes falhas em seu serviço de internet.

Desde a semana passada, sites dos principais meios de comunicação norte-coreanos –como a agência KCNA e o periódico Rodong, do Partido dos Trabalhadores– experimentam quedas intermitentes que, de acordo com Pyongyang, têm sido provocadas por Washington.

"Os Estados Unidos, um grande país, começaram a dificultar o acesso às operações on-line dos maiores veículos do nosso país. E sem vergonha alguma", diz um comunicado do regime, que admitiu os problemas de conectividade pela primeira vez.

Editoria de Arte/Folhapress

Embora o governo americano não confirme que a instabilidade seja resultado de uma retaliação, as falhas começaram a ser notadas pouco depois que Obama prometeu uma "resposta proporcional" ao ataque hacker sofrido pelo estúdio Sony Pictures, supostamente promovido pelos norte-coreanos.

No comunicado deste sábado, Pyongyang se defendeu novamente das acusações e dirigiu ofensas racistas ao presidente americano.

"Obama sempre fala de forma imprudente e age como um macaco em uma floresta tropical, além de tentar prejudicar a dignidade da nossa liderança suprema", disse um porta-voz, que também acusou o presidente de ser o "principal culpado" pela distribuição de "A Entrevista".

Os dois países enfrentam uma crise diplomática desde que um grupo de hackers vazou documentos confidenciais para tentar forçar o cancelamento da comédia, que conta a história fictícia do assassinato do ditador norte-coreano, Kim Jong-un.

Num primeiro momento, a Sony atendeu às exigências dos ciberterroristas e anunciou o cancelamento do filme, mas após fortes críticas, inclusive de Obama, lançou o filme no Natal em cerca de 300 cinemas independentes do país e na internet.

Os vazamentos causaram prejuízos e constrangimentos à Sony Pictures. Entre as informações publicadas estão salários de executivos, filmes ainda não lançados e e-mails em que funcionários da Sony ofendem personalidades como Obama e Angelina Jolie.

Uma investigação do FBI apontou que o governo norte-coreano esteve "centralmente envolvido" nos ataques ao estúdio. Pyongyang negou as acusações e propôs uma investigação conjunta com os EUA, que foi recusada pelos americanos.

CONTROVÉRSIA
Especialistas em segurança digital dos EUA questionaram a versão do FBI de que a Coreia do Norte estaria por trás dos ataques à Sony.

"[Os ataques] exigiriam um nível de habilidade muito maior do que já vimos [na Coreia do Norte]", disse o pesquisador independente Scott Borg à rede de TV CNN.

"Muitas das evidências [apresentadas pelo FBI] são apenas circunstanciais", disse à Fox News David Kennedy, presidente da empresa de segurança TrustedSec.


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