Folha de S. Paulo


Coreia do Norte sofre 'blecaute digital' após ameaça aos EUA

A Coreia do Norte sofreu um forte "blecaute digital" nesta segunda (22), quando a maior parte da rede de internet do país caiu, horas depois de ameaçar entrar em guerra contra os Estados Unidos.

Em comunicado da agência estatal KCNA, o governo norte-coreano ameaçava um "duro contra-ataque" contra a Casa Branca, o Pentágono e todo o território continental dos EUA.

A Casa Branca não se pronunciou sobre o apagão. Na sexta-feira (19), o presidente americano Barack Obama disse que a Coreia do Norte sofreria um ataque "proporcional", depois do FBI identificar o governo daquele país asiático como responsável pelos ciberataques contra o estúdio de cinema Sony.

A escalada verbal entre os dois países aconteceu às vésperas da estreia do filme "A entrevista", comédia escrachada sobre um complô da CIA para matar o ditador norte-coreano, Kim Jong-un.

Os hackers ameaçaram ataques "como os do 11 de Setembro" contra os cinemas que estreassem o filme. E-mails constrangedores de diretores da empresa foram vazados para imprensa. Outras ameaças foram feitas, envolvendo até senhas bancárias e roteiros inéditos roubados.

O governo norte-coreano nega as acusações e até sugeriu uma investigação conjunta com Washington. Mas o regime de Pyongyang elogiou a "ação correta" do grupo hacker autointitulado "Guardiões da Paz".

"O Exército e o povo da Coreia do Norte estão completamente preparados para um confronto com os EUA em todos os espaços de guerra, inclusive a cibernética", diz o comunicado norte-coreano.

Várias redes cancelaram a estreia do filme e a Sony engavetou o lançamento. Especula-se que o estúdio, muito criticado por ter se curvado às ameaças, estreie o filme gratuitamente em seu site.

Políticos americanos dizem que se trata de um assunto de "segurança nacional" e questionam a possibilidade de grandes bancos ou complexos militares terem seus e-mails roubados do mesmo jeito que a Sony.


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