Folha de S. Paulo


Coreia do Norte ameaça atacar EUA após acusações de ciberataque

A Coreia do Norte ameaçou nesta segunda-feira (22) iniciar uma guerra com os EUA por causa das "falsas" acusações de ter realizado o ciberataque a Sony Entertainment, em resposta ao filme que zomba do líder Kim Jong-un.

"O Exército e o povo da RPDC (Coreia do Norte) estão completamente preparados para um confronto com os EUA em todos os espaços de guerra, incluindo a cibernética", expôs o regime de Kim em comunicado publicado em inglês pela agência estatal KCNA.

"Nosso mais duro contra-ataque será dirigido à Casa Branca, ao Pentágono e a todo o território continental dos EUA, superando amplamente o contra-ataque simétrico declarado por (Barack) Obama, afirma Pyongyang no comunicado.

A Coreia do Norte reiterou que não tem nada a ver com a agressão cibernética a Sony Pictures Entertainment, afirmando ter até mesmo proposto ao FBI realizar uma investigação conjunta dos fatos. O país disse, porém, que a oferta foi descartada pelos americanos.

A reação da Coreia do Norte, que já tinha negado seu envolvimento no caso, veio depois que o presidente americano, Barack Obama, anunciou no domingo (21) o início de um processo para avaliar se o Estado comunista deve ser incluído de novo na lista negra de países que patrocinam o terrorismo por causa do ciberataque a Sony.

A inclusão nessa lista negra representa restrições à ajuda externa, a proibição das exportações e das vendas da área de defesa, além de controles sobre certas exportações e diversos impedimentos financeiros e de outros tipos.

Em suas declarações à CNN, Obama não considerou que o ataque contra a Sony Pictures, do qual Washington responsabiliza a Coreia do Norte, tenha sido um "ato de guerra", mas de "cibervandalismo", ao qual os EUA responderão.

O ciberataque, no qual foram roubados e publicados milhares de mensagens eletrônicas e dados dos funcionários da empresa entre final de novembro e começo de dezembro, é considerado um ato de represália contra "A Entrevista", comédia sobre um complô para matar o ditador norte-coreano, Kim Jong-un.

Após a ação, os invasores advertiram que semeariam o terror nos cinemas que projetassem o filme, o que provocou uma retirada em massa de cartaz do filme e finalmente o cancelamento de sua estreia, que estava prevista para 25 de dezembro.

Apesar de se desvincular do fato, a Coreia do Norte elogiou os hackers "sem identificar" quem são, autodenominados Guardians of Peace (Guardiães da Paz), ao considerar que realizaram uma "ação correta", segundo o comunicado da KCNA.

O caso causou uma intensa polêmica nos EUA sobre a conveniência de ter tirado de cartaz o filme, por causa do medo de um ataque terrorista, o que para muitas vozes críticas representa ceder a uma chantagem contra a liberdade de expressão.


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