Folha de S. Paulo


EUA apostam em ação do Brasil por abertura política

Com o início da normalização das relações com os EUA, o governo cubano não poderá mais usar o embargo como escudo. E o Brasil tem um papel crucial a desempenhar neste momento: aproveitar sua proximidade com Cuba para discutir com Havana abertura política e respeito a direitos humanos.

Esse é o raciocínio de Washington, segundo um alto funcionário do governo americano afirmou à Folha.

"O governo cubano não poderá mais se esconder atrás do bicho-papão do embargo para justificar violações a direitos humanos e desrespeito à democracia no país", disse o funcionário à Folha.

"E o Brasil tem uma grande oportunidade, dadas as ótimas relações que tem com Cuba, para, privadamente, conversar com o governo cubano sobre a necessidade de abertura democrática e respeito a direitos humanos."

Na visão de Washington, o restabelecimento de relações muda o cenário no hemisfério ocidental, eliminando um dos irritantes na relação entre os Estados Unidos e o resto dos países.

Editoria de Arte/Folhapress
Primeiros passos da reaproximação EUA-Cuba - primeira

O funcionário não acha que o restabelecimento das relações será processo demorado.

O governo brasileiro apostou na estratégia de entrar em Cuba antes da abertura econômica para garantir presença na ilha. O BNDES desembolsou US$ 765 milhões, desde 2009, em financiamentos para o país, concedendo crédito para o governo cubano comprar de fornecedores brasileiros de bens e serviços.

Em 2013, Cuba foi o terceiro maior destino de financiamentos do BNDES para exportação de bens e serviços brasileiros.

O maior símbolo da aposta é o porto de Mariel, a 45 km de Havana. Inaugurado em janeiro, foi um projeto da Odebrecht e recebeu financiamento de US$ 800 milhões.

Mas Mariel é apenas a parte mais vistosa da investida do Brasil. São mais de 300 as empresas brasileiras que têm negócios ou se fixaram em Cuba. Grande parte usa recursos do Banco do Brasil ou BNDES.

Muitas são fornecedoras do porto. Em Cuba, a Odebrecht também trabalha na ampliação do aeroporto Jose Martí, em Havana, e tem um projeto no setor sucroalcooleiro.

A expectativa é de que, com a gradual abertura econômica da ilha, que pode ser acelerada com o início da normalização das relações com os EUA, Cuba se torne uma plataforma de exportações.


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