Folha de S. Paulo


Vaticano cria conselho para lidar com casos de abusos de menores

O Vaticano anunciou a criação de um Conselho judicial para lidar com crimes graves, como abuso sexual de menores.

Segundo o padre Federico Lombardi, a medida entra em vigor nesta terça-feira (11) e quer acelerar os procedimentos internos da Igreja Católica.

O Conselho, ligado à Congregação para a Doutrina da Fé, será composto por sete cardeais ou bispos escolhidos pelo papa Francisco.

Os recursos que serão analisados pelos membros do Conselho fazem parte do chamado "delicta graviora", os crimes cometidos contra a moral e na celebração dos sacramentos católicos.

Tiziana Fabi/AFP
Papa Francisco durante Angelus no Vaticano
Papa Francisco durante Angelus no Vaticano

A sessão ordinária da Congregação para a Doutrina da Fé, atualmente, não está dando conta dos pedidos e o Conselho servirá para eliminar os itens pendentes.

A Congregação é o órgão do Vaticano que "julga os crimes contra a fé e os delitos mais graves cometidos contra a moral e a realização dos sacramentos", segundo a própria Santa Sé.

O Conselho deverá informar a sessão ordinária da Congregação sobre suas decisões.

CONTRA A PEDOFILIA

Há uma década a Igreja Católica enfrenta inúmeros escândalos de abusos sexuais contra menores por parte de seus religiosos em várias partes do mundo.

Em janeiro, a ONU criticou duramente a Igreja por não castigar com a devida contundência a pedofilia e, inclusive, acobertar os casos.

Francisco prometeu adotar uma política de tolerância zero a crimes de pedofilia por membros da Igreja Católica.

Em setembro, o papa destituiu o bispo paraguaio Rogelio Ricardo Livieres Plano, 69, acusado de proteger um padre suspeito de abuso sexual.

Também em setembro, o monsenhor Josef Wesolowski foi submetido à prisão domiciliar no Vaticano sob acusação de pedofilia. A primeira prisão feita na cidade-Estado sob a acusação de pedofilia foi pedida pelo papa Francisco.

Wesolowski havia sido destituído de seu cargo no final de agosto de 2013 e, em junho, foi expulso do sacerdócio após um processo canônico instruído pela Congregação da Doutrina da Fé.

O ex-arcebispo é a pessoa mais proeminente da Igreja Católica a ser presa desde Paolo Gabriele, mordomo papal condenado em 2012 por vazar documentos privados do papa Bento 16.

O papa também se encontrou em junho com vítimas de abuso sexual praticado por padres.

Editoria de Arte/Folhapress

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