Folha de S. Paulo


Rivalidade marca início de fórum entre Ásia e Pacífico

Líderes de 21 economias se reúnem a partir desta segunda (10), em Pequim, na cúpula da Apec (fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), sob o pano de fundo da crescente rivalidade entre seus dois principais membros, China e Estados Unidos.

A integração comercial é uma das principais arenas da disputa. A China espera usar a reunião em sua capital para avançar a criação da Área de Livre Comércio da Ásia-Pacífico (Alcap), mas a oposição dos EUA deve frear a iniciativa.

O governo americano, por sua vez, quer acelerar a conclusão da Parceria Transpacífico (TPP, na sigla inglês), que é negociada por 12 países, mas não a China.

Na área da geopolítica, a tensão foi reduzida pelo acordo anunciado na sexta (7) entre China e Japão, que marcou a retomada das relações diplomáticas entre os países após meses de suspensão.

Num comunicado de quatro pontos, os dois governos se comprometem a tomar medidas para evitar uma escalada na disputa em torno de um arquipélago desabitado no mar do Leste da China, motivo de tensão regional.

Embora vago o suficiente para permitir que os dois países o interpretassem a seu modo, o documento aumentou a expectativa sobre um possível encontro durante a cúpula da Apec entre o líder da China, Xi Jinping, e o premiê japonês, Shinzo Abe.

"Esperamos que o lado japonês honre seu compromisso com a criação de uma atmosfera favorável para o encontro dos líderes", disse o chanceler chinês, Wang Yi.

Enquanto Wang falava com jornalistas, no sábado, ministros do Comércio das economias que negociam a TPP estavam reunidos na embaixada dos EUA em Pequim.

Líderes dos países também devem se reunir para tratar do tema, mas o embaixador americano na China, Michael Froman, reconheceu que, na melhor das hipóteses, levará meses para o acordo ser concluído. Entre os principais entraves está a relutância do Japão em reduzir tarifas de importação agrícolas.

Sem grandes anúncios previstos na área do comércio, espera-se que outros assuntos –como a luta contra o terrorismo e as mudanças climáticas– ganhem maior consenso entre as duas maiores economias do mundo quando Xi se reunir nesta semana com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O líder chinês se encontrou no domingo (9) com o presidente russo, Vladimir Putin.

O encontro ocorre num momento bem distinto das trajetórias dos dois líderes: Obama está enfraquecido para cumprir os dois anos que lhe restam na Presidência após a derrota de seu partido nas eleições legislativas.

Por outro lado, Xi, que ainda tem oito anos no cargo, é considerado o líder chinês que mais acumulou poderes desde Deng Xiaoping.


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