Folha de S. Paulo


Plebiscitos sobre a maconha podem ajudar democratas

Em público, nenhum político norte-americano quer ver seu nome ligado à maconha. Mas, nos bastidores, parte deles torce pela discussão sobre a legalização da droga.

Isso porque os democratas podem se beneficiar, nas urnas, de plebiscitos sobre o assunto nas eleições americanas desta terça-feira (4).

A conta é simples: Estados com referendos a respeito da maconha atraem os eleitores mais jovens, que são parte importante do eleitorado do partido de Barack Obama.

Editoria de arte/Folhapress

Neste ano, os Estados do Oregon e do Alasca e a capital Washington decidirão se aprovam o uso recreativo da droga. Na Flórida, a votação é sobre o uso medicinal.

"Os plebiscitos elevam em cerca de 60% o comparecimento de jovens às urnas. E eleitores mais novos são os mais inclinados a votar nos democratas", diz Celinda Lake, estrategista democrata.

"As evidências no Colorado e no Estado de Washington [que tiveram consultas sobre o assunto em 2012] sugerem um aumento na votação entre os liberais", afirma o cientista político John Hudak.

Segundo analistas, a elevação no número de jovens –e de outros eleitores democratas– pode ser decisiva em duas corridas em 2014: no Alasca, onde o democrata Mark Begich aparece quatro pontos percentuais atrás do republicano Dan Sullivan, e na Flórida, em que Charlie Crist tem um ponto de vantagem em relação ao governador republicano Rick Scott.

"Eu acho que o plebiscito pode, sim, mudar as coisas no Alasca. Corridas acirradas, com quatro pontos de diferença, sempre podem mudar na última hora", diz Hudak.

Os democratas estão investindo dinheiro recorde na campanha para aumentar o comparecimento nas urnas. E, nesses locais, também são ajudados pelas campanhas para os plebiscitos.

No Alasca, a campanha Regulate Marijuana veicula anúncios no rádio, na TV e na internet, e seus centenas de voluntários também estão visitando os moradores e reunindo jovens em bares.

"Nunca é fácil convencer os jovens a irem votar. Mas eles estão animados com a oportunidade de acabar com esse problema", diz Taylor Bickford, um dos responsáveis pela campanha.

A corrida no Alasca é particularmente importante para o cenário nacional. Para manter a maioria no Senado, os democratas precisam ter seis vagas a mais que os republicanos, uma delas pertencente ao Estado.

em cima do muro

Mas, mesmo enxergando os benefícios da maconha para suas campanhas, os políticos ainda são resistentes em apoiar essas iniciativas.

"Os democratas têm um pouco de medo da questão, do custo político disso. E o que [Mark] Begich não quer agora é ser pintado como liberal", afirma John Hudak.

"Metade da população aprova a legalização da maconha e, ainda assim, poucos políticos apoiam isso publicamente. Acho que pode levar um tempo para que eles estejam na mesma página que o povo", diz Bickford.

Para Celina Lake, a escolha parece óbvia. "Tudo isso acontece com ou sem o apoio dos democratas. Então muitos deles preferem não entrar no assunto."


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