Folha de S. Paulo


Fechamento de local sagrado por Israel é 'declaração de guerra', diz Abbas

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, chamou de "declaração de guerra" aos palestinos e aos muçulmanos o fechamento por parte de Israel da Esplanada das Mesquitas e as intervenções israelenses em Jerusalém Oriental, afirmou um porta-voz.

Em meio à pressão de autoridades, Israel anunciou que reabriria o local sagrado nesta sexta (31) de manhã –dia em que, tradicionalmente, os muçulmanos comparecem às mesquitas.

"A continuidade destas agressões e esta perigosa escalada israelense constituem uma declaração de guerra ao povo palestino, a seus locais sagrados e à nação árabe e muçulmana", disse Abbas, citado por seu porta-voz, Nabil Abu Rudeina.

As autoridades israelenses haviam decidido fechar a Esplanada das Mesquitas pouco depois de a polícia matar um palestino suspeito de ter atirado contra um ativista israelense de extrema-direita em Jerusalém nesta quinta-feira (30).

Oliver Weiken/Efe
Polícia impede judeus de extrema-direita de entrar na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém
Polícia impede judeus de extrema-direita de entrar na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém

"O governo israelense é o responsável por esta perigosa escalada em Jerusalém, que atingiu o ponto máximo com o fechamento da mesquita de Al-Aqsa esta manhã", disse.

O ativista israelense Yehuda Glick defende a permissão de orações na Esplanada das Mesquita, na Cidade Velha, que é um local sagrado do judaísmo e do islamismo.

O estatuto da Esplanada das Mesquitas é motivo de tensão permanente. As autoridades israelenses proíbem as preces dos judeus pelo temor de que isso possa desatar episódios de violência.

Para os muçulmanos, a autorização aos judeus para rezar no local seria o primeiro passo para destruir as mesquitas, com o objetivo de construir o terceiro templo judaico.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, voltou a negar na segunda-feira (27) o desejo de mudar o estatuto do local sagrado.

"Esta decisão é um ato perigoso e um desafio flagrante que provocará mais tensão e instabilidade", insistiu Abbas.

A Esplanada abriga o terceiro local sagrado do islã; os judeus a chamam de Monte do Templo.

ACESSO LIMITADO

A polícia israelense já havia limitado o acesso à Esplanada das Mesquitas em alguns dias neste mês, após confrontos constantes no local entre palestinos e forças de segurança.

Os muçulmanos interpretaram como uma provocação a autorização para judeus ortodoxos visitarem o local em determinadas horas e sob rígida vigilância, mesmo sem poderem rezar ali.

"Queremos que o Monte do Templo permaneça aberto para os muçulmanos, mas também para os judeus, mas se os judeus não podem entrar, então os muçulmanos tampouco", disse o ministro israelense da Segurança Interna, Yitzhak Aharonovish, no último dia 14.

UE

A União Europeia (UE) se declarou muito preocupada com a situação em Jerusalém e pediu nesta quinta-feira a israelenses e palestinos que diminuam o clima de tensão.

"A UE está muito preocupada com a situação no terreno. Condenamos todos os atos de violência e continuamos incentivando todas as partes a fazer tudo que for necessário para atenuar as tensões", indicou Maja Kocijancic, porta-voz do serviço diplomático comunitário.

Kocijancic acrescentou que é preciso diminuir as tensões para retomar uma negociação, a única forma, segundo a UE, capaz de alcançar uma solução com dois Estados independentes.

Editoria de arte/Folhapress

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