Folha de S. Paulo


Sob forte esquema de segurança, Tunísia elege Parlamento

As eleições legislativas de domingo (26) na Tunísia foram marcadas por um alto comparecimento nas urnas e por um forte esquema de segurança em todo o país.

Participaram do pleito mais de 50% das 5,3 milhões de pessoas aptas a votar, e cerca de 80 mil policiais e militares foram mobilizados para garantir a tranquilidade nos colégios eleitorais. Não houve relatos de violência.

A votação, que definiu os 217 congressistas que terão um mandato de cinco anos na Câmara de Deputados, é vista como crucial para a transição democrática da Tunísia, berço dos protestos que deram origem à Primavera Árabe em 2011.

Os principais concorrentes são o partido islâmico moderado Nahda, que esteve no poder de 2012 até o início de 2014, quando se afastou para dar lugar a um governo de transição que organizasse as eleições, e o Nidá Tunísia, que reúne figuras da esquerda, políticos e empresários da era do ditador Ben Ali.

Resultados parciais só devem ser divulgados a partir desta segunda-feira (27). A comissão eleitoral tem até 30 de outubro para informar a nova composição da Casa.

O partido que obtiver maioria do Parlamento, terá direito a formar o governo. Um novo presidente deverá ser eleito em novembro.

Os observadores temiam grande abstenção nas eleições, já que muitos tunisianos têm se mostrado desapontados com a política.

"DIA HISTÓRICO"

O primeiro-ministro Mehdi Jomaa elogiou o "dia histórico". "Todos os projetores foram lançados sobre nós e o sucesso desta operação é uma garantia para o futuro e uma luz de esperança para os jovens da região", declarou.

A campanha na Tunísia se concentrou em dois grandes temas: a economia e a segurança. O país vive uma forte estagnação, com um crescimento de menos de 3% neste ano. O desemprego no país é alto (13,8%), assim como a inflação (6%).

Além disso, a Tunísia também tem testemunhado o surgimento de grupos radicais jihadistas nas montanhas de Al Kef, que fazem fronteira com a Argélia.

Segundo o ministro da Defesa Ghazi Yaribi, o governo realizou bombardeios nos pontos em que radicais estariam escondidos.

Também a fronteira com a Líbia esteve fechada desde sexta, para evitar a entrada de pessoas que pudessem desestabilizar a votação.

"Estamos orgulhosos de votar. É o nosso dever", disse Zeinab Turabi, que votou na capital Túnis. "Se você não vota, acaba como a Líbia", disse, em referência ao país que foi tomado por milícias desde a queda do ditador Muammar Gaddafi.


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