Folha de S. Paulo


Governador suspeito de ataque a alunos se licencia do cargo

O governador do Estado mexicano de Guerrero, Ángel Aguirre, pediu licença do cargo nesta quinta-feira (23). Ele é suspeito de ter relações com o desaparecimento de 43 alunos da escola normal de Ayotzinapa, em 26 de setembro.

Os estudantes sumiram em uma emboscada feita por policiais e traficantes na saída de Iguala (a 192 km da Cidade do México). Na ação, pelo menos seis pessoas morreram e outras 25 ficaram feridas.

Aguirre confirmou a saída temporária em entrevista na capital do Estado, Chilpancingo. Para ele, a licença ajudará a Justiça a se concentrar na investigação do sumiço.

"Neste cenário de tragédia, eu me nego a deixar que o debate se concentre na minha permanência no cargo".

Inicialmente, o período de afastamento do cargo é de 30 dias e permitirá que o governador seja investigado sem foro privilegiado.

A licença foi anunciada após Aguirre ser pressionado por sua agremiação, o esquerdista Partido da Revolução Democrática (PRD), e por rivais para renunciar.

Ao mesmo tempo, era cobrado pelos manifestantes e por rivais, como o presidente Enrique Peña Nieto, sobre o paradeiro dos desaparecidos.

Nas últimas semanas, as cobranças passaram a vir dos Estados Unidos, da OEA e da União Europeia. Na quarta, o secretário do Trabalho mexicano, Alfonso Navarrete, disse temer uma queda nos investimentos estrangeiros.

A outra preocupação do governo é também com o aumento da violência nos protestos, que juntaram camponeses, anarquistas e organizações de esquerda radical.

A união aconteceu devido às relações de Ayotzinapa com grupos de esquerda. A inclinação política é o mesmo motivo pelo qual o governo local reduziu a verba da escola, considerada um "celeiro de guerrilheiros".

Nas últimas duas semanas, ocorreram greves, ocupações e atos de vandalismo. No dia 14, mascarados incendiaram a sede do governo de Guerrero e, na quarta, o alvo foi a prefeitura de Iguala.

Nesta quinta, camponeses ocuparam a prefeitura e a sede da polícia da cidade turística de Acapulco. Já os alunos de Ayotzinapa fizeram caminhada até Chilpancingo.


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