Um pedófilo australiano foi o primeiro condenado graças a uma menina virtual criada por uma ONG para localizar criminosos sexuais na internet, informou a organização nesta quarta-feira (22).
O grupo holandês de defesa dos direitos humanos Terre des Hommes revelou em novembro passado o uso de uma criança criada por computador, de origem filipina e chamada "Sweetie", para pegar pedófilos em chats.
4.nov.2013/AFP | ||
Menina virtual Sweetie, 10, criada para identificar pedófilos na internet |
Em um período de dez semanas, mais de 20 mil pessoas de 71 países contataram a menina virtual de dez anos, sendo que mais de mil foram identificados em países como Austrália, Polônia e Estados Unidos.
O primeiro condenado graças a esta iniciativa, Scott Robert Hansen, 38, recebeu a sentença de dois anos.
Hansen também foi condenado por violar as condições de sua liberdade provisória e por possuir material pedófilo.
A polícia federal australiana revistou o apartamento do suspeito depois de um encontro por webcam com "Sweetie", no qual se despiu e se masturbou, segundo o site News.com.au
O condenado é um dos 46 australianos descobertos através da "Sweetie", explicou à AFP um porta-voz da ONG com sede em Jacarta, Leny Kling, que anunciou mais condenações em breve.
Com esta iniciativa, a ONG pretende expor o turismo sexual virtual, uma forma de exploração infantil que afeta a milhares de crianças nas Filipinas, Camboja e Tailândia.
ESTRATÉGIA
A Terre des Hommes explicou que sua equipe se limitou a esperar que os pedófilos entrassem em contato com a suposta menor, sem tomar a iniciativa.
"Colocar-se na pele de uma menina filipina de dez anos e ver o que certos homens querem de você, os pedidos e os gestos realmente obscenos que fazem foi uma experiência chocante para os investigadores", explicou a ONG.
A porta-voz da organização mostrou-se revoltada com o número reduzido de prisões nos últimos anos por causa desse tipo de delito sexual, pouco mais que meia dúzia, segundo a ONG.
A Terre des Hommes afirma que, se sozinha, conseguiu identificar mais de mil suspeitos de pedofilia em tão pouco tempo, então as autoridades deveriam ter a disposição de identificar muitos mais.
"O que queremos é provar que isso é apenas a ponta do iceberg", observou Kling.
Durante a apresentação do projeto no ano passado, a ONG estima, citando cifras das Nações Unidas, que apenas em um mês cerca de 750.000 pedófilos poderiam estar simultaneamente conectados em busca de presas infantis na internet.