Os combatentes da cidade curda de Kobani, na Síria, que lutam contra extremistas do Estado Islâmico, receberam mais armas e terão reforços de combatentes curdos do Iraque, ajudados pela Turquia e pelos Estados Unidos.
O governo da Turquia adotou medidas para ajudar os combatentes curdos do Iraque a chegar, através de seu território, à Kobani, anunciou nesta segunda-feira (20) o ministro turco das Relações Exteriores, Mevul Cavusoglu.
"Ajudamos as forças dos peshmergas [combatentes curdos do Iraque] a atravessar a fronteira para seguir até Kobani. Nossas conversações sobre o tema continuam", declarou Cavusoglu em uma entrevista coletiva ao lado do colega tunisiano, Mongi Hamdi, sem revelar mais detalhes.
Além disso, aviões militares americanos lançaram armas, munição e ajuda médica para as forças curdas que lutam contra o EI na noite de domingo (19), segundo o Comando Central Americano para o Oriente Médio (Centcom).
Um avião C-130 lançou 27 carregamentos para entregar o material enviado por autoridades curdas iraquianas com o objetivo "de apoiar a resistência ante as tentativas do Estado Islâmico de tomar Kobani", afirma um comunicado do Centcom.
Redur Xelil, porta-voz das Unidades de Proteção do Povo (YPG, principal milícia curda na Síria), confirmou a entrega das armas e disse acreditar que os combatentes receberão ajuda adicional.
"A ajuda militar lançada pelos aviões americanos durante o amanhecer sobre Kobani foi boa e agradecemos os Estados Unidos pelo apoio", disse.
"Terá um impacto positivo nas operações militares contra o Estado Islâmico e esperamos receber mais", completou.
Xelil não revelou o tipo de armamento repassado e se limitou a afirmar que existe uma "coordenação" entre as autoridades americanas e as forças das YPG sobre a entrega, sem divulgar detalhes.
Sedat Suna/Efe | ||
Explosão causada por bombardeio da coalizão liderada pelos EUA em Kobani |
AJUDA ESTRANGEIRA
Quando Kobani começou a ser atacada, alguns dias atrás, as autoridades americanas disseram que a luta pela cidade não fazia parte da campanha estratégica da coalizão para enfraquecer o EI atacando suas refinarias de petróleo, quartéis-generais e depósitos de armas na Síria, todos parte importante da capacidade do grupo militante de levar adiante seu combate no vizinho Iraque.
As autoridades americanas apelaram à Turquia, em vão, para que enviasse sua força considerável que estava próxima, do outro lado da fronteira, para ajudar.
Editoria de arte/Folhapress |
O presidente turco, Recep Erdogan, rejeitou os apelos para que seu país arme as YPG, que ele considera um grupo terrorista, já que a organização mantém vínculos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) turco, que há 30 anos lidera um movimento de insurgência no sudeste do país.
Mas nos últimos dias, segundo o Pentágono, o EI enviou reforços fortemente armados a Kobani, dando aos aviões de guerra da coalizão uma gama grande de alvos a atacar: tanques, artilharia e veículos armados.
Em conjunto com a resistência em terra ao EI, disseram as autoridades americanas, os ataques aéreos reduziram o avanço do EI sobre Kobani, matando centenas de combatentes e destruindo ou danificando armamentos e posições de combatentes.
Mesmo assim, as autoridades americanas reiteraram o aviso dado na semana passada pelo general Lloyd J. Austin III, chefe do Comando Central do Pentágono: que, apesar dos esforços intensificados dos aliados, ainda é possível que Kobani passe para o controle do EI.
Os EUA e seus aliados árabes já lançaram mais de 135 ataques aéreos em Kobani e em volta da cidade nos últimos 15 dias, para frear o avanço de centenas de combatentes extremistas na cidade. O EI controla atualmente metade de Kobani.
Tradução de CLARA ALLAIN