Folha de S. Paulo


Presidente da Bolívia dedica reeleição a Fidel Castro e Hugo Chávez

O presidente da Bolívia, Evo Morales, 54, comemorou sua vitória neste domingo (12), depois que as pesquisas de boca de urna apontaram sua reeleição, dedicando a conquista ao líder cubano Fidel Castro, ao falecido líder venezuelano Hugo Chávez, e a todos os governos "anti-imperialistas" do mundo.

Morales e seu vice-presidente, Álvaro García Linera, teriam vencido as eleições com cerca de 60% dos votos, segundo as pesquisas e por contagem rápida divulgada pela imprensa boliviana, embora ainda não haja resultado da apuração oficial.

Se os resultados forem confirmados, Morales terá seu terceiro mandato consecutivo e governará até 2020.

Reuters
Evo Morales discursa para eleitores da varanda do Palácio presidencial, em La Paz
Evo Morales discursa para eleitores da varanda do Palácio presidencial, em La Paz

O presidente, um grande defensor da folha de coca e crítico dos Estados Unidos, discursou na varanda do Palácio do governo diante de uma multidão.

Morales se dirigiu à oposição, à qual pediu para não promover confrontos e para trabalharem unidos pela Bolívia.

Pela primeira vez na história, Morales conseguiu a vitória no próspero departamento de Santa Cruz, antigo reduto autonomista.

No departamento, motor econômico da Bolívia e que concentrou por um período a oposição mais radical à política estatizante e antiamericana de Morales, o presidente conseguiu um apoio surpreendente, favorecido pelo crescimento econômico e o bom momento dos negócios.

Segundo o FMI, a Bolívia deve registrar crescimento de 6,5% do PIB em 2014, o maior da região.

Morales diz que seu Movimento Ao Socialismo (MAS) ganhou com clareza em oito dos nove departamentos e ainda "briga voto a voto" em um deles, em alusão à região amazônica de Beni, na qual segundo as pesquisas teria vencido o opositor Samuel Doria Medina, que em nível nacional teria obtido em torno de 25% dos votos.

Morales, que se tornou o primeiro líder indígena da Bolívia, em 2006, vai agora ser capaz de estender o chamado "socialismo indígena", pelo qual estatizou setores-chave da economia, como petróleo e gás, para financiar programas de bem-estar social.

"Este foi um debate sobre dois modelos: nacionalização ou privatização. A nacionalização venceu com mais de 60%", disse Morales.

O Tribunal Eleitoral suspendeu a apuração oficial após contabilizar menos de 3% dos votos e deve retomar os trabalhos nesta segunda-feira (13).

MADURO

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, cumprimentou neste domingo (12) a nova reeleição de seu colega e aliado da Bolívia.

Maduro tinha previsto no sábado que Morales ganharia com uma quantidade de votos que seria um novo "recorde histórico".

"A 522 anos da chegada a América do império espanhol; 522 anos depois que começou a barbárie (...) o presidente índio ao que tanto subestimaram e tanto dano tentaram fazer as oligarquias, vai ter uma vitória com um recorde histórico de votação", assinalou Maduro em pronunciamento pela televisão.


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