O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, defendeu nesta terça (7) uma operação militar terrestre contra a facção radical Estado Islâmico (EI). A declaração foi feita em função do avanço da milícia na cidade síria de população curda de Kobani, que fica na fronteira com a Turquia.
A Turquia é o primeiro país a sinalizar o envio de tropas para combater o EI em solo. "O terror não vai parar até cooperarmos para uma operação terrestre", declarou Erdogan ante refugiados sírios em um acampamento de Gaziantep, no sul do país.
O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, disse em entrevista à CNN que o país está pronto para cooperar se houver uma estratégia clara e garantias de que a fronteira estará protegida mesmo com a saída do Estado Islâmico.
"Nós não queremos mais o regime [de Assad] na nossa fronteira empurrando as pessoas para a Turquia. Não queremos outras organizações terroristas, se o Estado Islâmico for embora, outras organizações radicais podem vir", disse.
Umit Bektas/Reuters | ||
Após ataque aéreo, fumaça é vista em Kobani a partir de posto de fronteira entre Síria e Turquia |
KOBANI
Combatentes do EI avançaram para o sudoeste de Kobani durante a noite, disse nesta terça-feira a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos, que monitora o conflito na Síria.
A facção conquistou vários edifícios para ganhar posições no ataque pelos dois lados da cidade.
A perspectiva de que Kobani caia em mãos dos militantes que a cercam há três semanas aumentou a pressão sobre a Turquia para se juntar a uma coalizão internacional liderada pelos EUA que combate o EI.
Do lado da fronteira turca, duas bandeiras do Estado Islâmico podiam ser vistas sobre o lado leste de Kobani. Dois ataques aéreos atingiram a área e tiroteios esporádicos podiam ser ouvidos.
Combatentes do Estado Islâmico estavam usando armas pesadas e lançando projéteis no avanço sobre Kobani, disse a oficial do alto escalão curdo Asya Abdullah à Reuters, falando de dentro da cidade.
"Ontem houve um confronto violento. Lutamos arduamente para mantê-los fora da cidade ", disse ela por telefone. "Os confrontos não estão em toda a Kobani, mas em áreas específicas, nos arredores e em direção ao centro."
O Estado Islâmico ampliou sua ofensiva nos últimos dias contra a cidade fronteiriça de maioria curda, apesar de ter sido alvo de bombardeios da coalizão para deter o seu avanço.
Os aviões da coalizão atacaram novamente nesta terça-feira as posições controladas pelo Estado Islâmico no sudoeste de Kobani.
O grupo quer conquistar Kobani para consolidar a conquista de território no norte da Síria e do Iraque.
"Houve confrontos durante a noite e o EI está avançando pelo sudoeste. Eles entraram em Kobani e controlam alguns prédios", disse o diretor do OSDH.
Cerca de 180 mil pessoas já fugiram da região de Kobani para a Turquia devido à ofensiva do Estado Islâmico.
Antes, a região abrigava diversos refugiados da guerra civil do país, que já dura mais de três anos, com diversos grupos rebeldes lutando pela queda da ditadura de Bashar al-Assad.
A França anunciou nesta terça que ajudará para deter o avanço do EI em Kobani e que está discutindo com a Turquia as ações necessárias.
O ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, já conversou com o colega turco e os presidente dos dois países devem conversar ainda nesta terça.
MORTES
Ao menos 400 pessoas foram mortas durante três semanas de confrontos entre o Estado Islâmico e combatentes curdos dentro e ao redor da cidade de Kobani, segundo o OSDH.
A cifra de mortos inclui combatentes de ambos os lados e também civis.
A organização afirmou ter documentado 412 mortes a partir de fontes no terreno, mas o número real seria provavelmente o dobro.