Folha de S. Paulo


Teste de enfermeira espanhola dá positivo para ebola em Madri

Na primeira transmissão conhecida da atual epidemia de ebola fora da África Ocidental, uma enfermeira espanhola que tratou dois missionários que morreram com a doença testou positivo duas vezes para o vírus em Madri, disseram autoridades nesta segunda-feira (6).

A paciente infectada "é uma das profissionais de saúde que atenderam os últimos casos repatriados que deram entrada no hospital Carlos 3º", onde ela trabalha, explicou a diretora de Saúde Pública, Mercedes Vinuesa, em coletiva convocada em caráter de urgência na capital espanhola.

"Estamos trabalhando para averiguar se (durante o tratamento dos dois missionários no centro médico madrilenho) foram seguidos estritamente todos os protocolos estabelecidos", afirmou a ministra da Saúde, Ana Mato.

A enfermeira, que não foi identificada, foi posta em isolamento no hospital de Alcorcón, nos subúrbios de Madri, após chegar apenas com o sintoma de febre alta. A enfermeira, que estava em férias quando adoeceu, é casada mas não tem filhos.

De acordo com o diretor-geral de pronto atendimento da comunidade Autônoma de Madri, Antonio Alemany, o marido da enfermeira e os três profissionais de saúde que a atenderam no domingo (5) estão sob protocolo de prevenção e terão a temperatura medida duas vezes diariamente por 21 dias.

O protocolo também é aplicado a 30 funcionários do hospital Carlos 3º, em Madri, que, da mesma forma que a enfermeira, atenderam os dois religiosos espanhóis no mesmo centro médico.

O padre católico Manuel García Viejo, de 69 anos, tinha sido repatriado com o vírus em 22 de setembro de Serra Leoa, onde trabalhava em um centro médico da Ordem Hospitalar de São João de Deus.

Isolado em um andar do Hospital Carlos 3º, morreu três dias depois. Para evitar contágios, não foi feita necropsia no cadáver, que foi cremado.

O mesmo procedimento foi adotado após a morte, em 12 de agosto, no mesmo hospital, de outro missionário da ordem, Miguel Pajares, de 75 anos.

Levado dias antes da Libéria a bordo de um avião-hospital do Exército espanhol, ele foi o primeiro europeu repatriado com o vírus e chegou a ser tratado com o soro experimental americano ZMapp, mas não resistiu.

O vírus ebola se espalha somente por contato direto com fluidos corporais de um doente sintomático. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a epidemia deixou mais de 3.400 mortos.

Editoria de Arte/Folhapress

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