Folha de S. Paulo


Ashraf Ghani é eleito presidente do Afeganistão

Massoud Hossaini/Associated Press
Candidatos à presidência do Afeganistão, Abdullah Abdullah (à esq.) e Ashraf Ghani assinam acordo
Candidatos à presidência do Afeganistão, Abdullah Abdullah (à esq.) e Ashraf Ghani assinam acordo

O economista Ashraf Ghani, 55, foi declarado vencedor das eleições presidenciais do Afeganistão pela Comissão Eleitoral Independente do país neste domingo (21). A porcentagem de votos obtida por cada candidato não foi revelada pelo órgão.

O anúncio foi feito poucas horas depois de Ghani ter assinado um acordo para um governo de união com o rival Abdullah Abdullah, que contestava a validade das eleições no país.

O diretor da Comissão, Ahmad Yusaf Nuristani, reconheceu que o processo eleitoral teve problemas graves e disse que mesmo uma auditoria realizada pela ONU não conseguiu detectar todas as falhas.

"Durante a eleição, os dois lados cometeram fraudes preocupantes", afirmou.

PODERES DIVIDIDOS
Apesar de ter ganho a disputa para o cargo máximo do Executivo afegão, Ghani -que foi ministro das Finanças do país entre 2002 e 2004- dividirá seus poderes com Abdullah, que será nomeado para ocupar o cargo de chefe-executivo, equivalente ao de um primeiro-ministro.

Em cerimônia realizada no palácio do atual presidente Hamid Karzai neste domingo (21), os dois candidatos assinaram o acordo que sacramentou o governo de união, se abraçaram e deram fim à crise no país que dura desde junho, quando começaram a ser realizadas as eleições.

O presidente Karzai comemorou o acordo e disse que ele favorecerá o "progresso e o desenvolvimento do país".

Em comunicado, os Estados Unidos também aprovaram o documento assinado. "Este acordo marca uma importante oportunidade para unidade e crescente estabilidade no Afeganistão", disse a Secretaria da Casa Branca.

Esta será a primeira troca de presidentes desde que o Taleban saiu do poder no país em 2001. Karzai vem comandando o país desde então.

A CRISE

Durante todo o processo eleitoral, os dois candidatos trocaram a acusações de fraudar no pleito. Abdullah liderou a votação no primeiro turno, mas Ghani acabou, segundo apontavam resultados preliminares, vencedor no segundo. Abdullah então alegou fraude nos dados divulgados e ameaçou se retirar do processo.

Em meio às polêmicas, a Organização das Nações Unidas e o Secretário de Estado norte-americano John Kerry, negociaram para que fosse feita uma auditoria dos cerca de 8 milhões de votos computados.


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