Folha de S. Paulo


Obama diz que EUA irão combater Estado Islâmico até sua extinção

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta quarta-feira (3) que o país não se deixará intimidar pela facção Estado Islâmico (EI) que decapitou o jornalista americano Steven Sotloff, 31.

Sotloff é o segundo jornalista americano a ser decapitado pelo EI em retaliação aos ataques aéreos dos EUA contra a facção no Iraque.

Os Estados Unidos planejam combater o EI até que a facção deixe de ser uma força no Oriente Médio e irá buscar justiça pelo assassinato de Sotloff, disse Obama em uma coletiva de imprensa.

Ele acrescentou que destruir o EI não será uma questão de uma semana ou seis meses. O objetivo levará tempo devido ao vácuo de poder na Síria, à abundância de extremistas que surgiram a partir da Al Qaeda durante a guerra do Iraque e à necessidade de construir coalizões, inclusive com as comunidades sunitas locais.

"O nosso objetivo é degradar e destruir o EI para que ele não seja mais uma ameaça não apenas para o Iraque, mas também para a região e para os Estados Unidos", disse Obama.

"Seja o que for que esses assassinos pensam que vão conseguir matando americanos inocentes, como Steven, eles já não alcançaram", disse Obama. "Eles falharam porque, como as pessoas ao redor do mundo, os americanos sentem repulsa por sua barbárie. Nós não seremos intimidados".

Os Estados Unidos realizaram ataques aéreos no Iraque em agosto –a primeira intervenção militar desde a retirada das tropas dos EUA do país em 2011.

A Casa Branca disse na terça-feira (2) que Obama estava enviando três altos funcionários – o secretário de Estado, John Kerry; o secretário de Defesa, Chuck Hagel; e a conselheira de contraterrorismo, Lisa Monaco– para o Oriente Médio.

A ideia é "construir uma parceria regional mais forte" contra os rebeldes do EI.

Também na terça, Obama ordenou o envio de mais 350 soldados a Bagdá para proteger instalações diplomáticas americanas e funcionários do governo.

O EI declarou um califado (um Estado com leis islâmicas) em regiões sob seu controle no Iraque e na Síria, depois de ter tomado grande parte do norte de Bagdá e expulsado as minorias cristã e yazidi do norte do Iraque.

VÍDEO

O vídeo da decapitação de Sotloff é autêntico, disse a porta-voz da Agência Nacional de Segurança dos EUA, Caitlin Hayden. O governo do Reino Unido também confirmou a autenticidade.

Nas imagens divulgadas pelo EI, Sotloff fala com o olhar voltado para a câmera e afirma que é vítima da decisão do presidente Barack Obama de realizar ataques aéreos contra a facção no Iraque.

O EI ameaçou ainda no vídeo um refém britânico, alertando para que os países não participem da aliança dos EUA contra a facção.

O ministro das Relações Exteriores britânico disse que a captura de um britânico pelo EI não faz com que sejam mais prováveis ataques aéreos do Reino Unido contra a facção, mas disse que a opção não havia sido descartada.

"Se julgarmos que os ataques aéreos podem ser benéficos, então certamente iremos considerá-los. Mas não decidimos ainda fazê-los", disse Philip Hammond.

Hammond disse que o assassino de Sotloff parece ser o mesmo homem com um sotaque britânico que decapitou o jornalista americano James Foley.

Desaparecido há doze meses, Sotloff foi sequestrado no dia 4 de agosto de 2013 em Aleppo, na Síria, na zona da fronteira com a Turquia. Sotloff era um especialista em Oriente Médio e cobria há vários anos o mundo muçulmano.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou sua "indignação" nesta quarta-feira com a decapitação de Sotloff. A situação no Iraque é "abominável", destacou Ban, que pediu aos dirigentes das comunidades religiosas que ajam a favor da "tolerância, do respeito mútuo e da não violência".


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