O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, anunciou nesta segunda (25) a dissolução do Parlamento do país.
A medida ocorre na véspera de um possível encontro dele com o presidente russo, Vladimir Putin, numa cúpula diplomática em Belarus.
De acordo com o dirigente ucraniano, eleito em maio para o cargo, novas eleições vão ocorrer no dia 26 de outubro.
A medida, segundo admitiu o próprio Poroshenko, busca afastar do Parlamento os apoiadores do presidente deposto em fevereiro, Viktor Yanukovich, aliado russo.
A dissolução do Parlamento faz parte da estratégia dele de consolidar o poder em meio ao conflito com separatistas pró-Rússia no leste que já matou 2.000 pessoas.
Poroshenko, que defende aproximação com o Ocidente e com a União Europeia, ainda governa com o Legislativo que foi eleito no mandato de Yanukovich.
"Muitos desses deputados aprovaram leis ditatoriais que tiraram a vida de centenas de pessoas", disse o presidente ucraniano, em comunicado.
Poroshenko afirmou que usou a permissão constitucional de dissolver o Parlamento quando uma coalizão não é formada após 30 dias da renúncia do premiê.
MANOBRA
No dia 24 de julho, o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk, aliado de Poroshenko, anunciou que deixaria o cargo após perder o apoio de alguns partidos, mais interessados na realização de novas eleições.
Adversários do presidente Poroshenko e dos dois partidos, como a ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko (2005 e 2007-2010), os acusam de orquestrar essa operação política para afastar desafetos do Parlamento.
Caberá aos deputados, por exemplo, ratificar o polêmico acordo comercial com a União Europeia, estopim da crise com a Rússia.
O presidente ucraniano não escondeu seus objetivos: "A composição do Parlamento não atinge os sentimentos políticos da comunidade ucraniana", disse.
"Eu garanto que as eleições serão justas e democráticas", ressaltou. Segundo ele, pesquisas mostram que 80% da população ucraniana quer eleições.
Poroshenko diz que deputados pró-Rússia estimulam os rebeldes separatistas, que controlam cidades estratégicas na fronteira entre os dois países, como Donetsk e Lugansk.