Folha de S. Paulo


Obama autoriza ataques aéreos no Iraque para 'impedir genocídio'

Diante do avanço dos militantes do grupo fundamentalista Estado Islâmico no Iraque nos últimos dias, o presidente Barack Obama autorizou, nesta quinta (7), os primeiros ataques aéreos ao Iraque desde a saída das tropas americanas do país, em 2011.

Segundo Obama, a autorização foi dada para proteger funcionários americanos que trabalham no país. A pedido do governo iraquiano, ele também teria permitido ataques para ajudar a chegar assistência humanitária a cerca de 40 mil pessoas, de minorias do país, que estão cercadas em uma montanha pelo grupo radical sunita.

Segundo o Unicef (fundo das Nações Unidas para a infância), 40 crianças do grupo já teriam morrido por causa do calor e da desidratação.

Obama não especificou se já teriam ocorrido ataques nesta quinta, como disseram autoridades curdas e iraquianas ao "New York Times".

"Nós podemos agir, com cuidado e responsabilidade, para evitar um potencial ato de genocídio", disse Obama, confirmando que aviões americanos já jogaram mantimentos e água ao grupo curdo que está isolado no monte Sinjar (norte), os yazidis.

"Vamos permanecer vigilantes e atacar se esses terroristas ameaçarem nossos funcionários em instalações em qualquer lugar no Iraque: seja no consulado em Irbil ou na embaixada em Bagdá", disse Obama, destacando que as forças têm sinal verde para bombardear qualquer comboio do grupo radical que se aproxime de Irbil, capital do Curdistão iraquiano.

Logo após o pronunciamento, o secretário de Estado, John Kerry, disse que os atos "grotescos" dos radicais sunitas acendem todos os alertas de "genocídio".

"Os EUA estão agindo e liderando, e o mundo não pode ficar sentado olhando inocentes morrerem", disse.

Apesar de anunciar a permissão para ataques, Obama reforçou que não mandará de volta tropas ao país. "Não vou permitir que os EUA sejam arrastados para lutar outra guerra no Iraque", afirmou.

Nos últimos meses, por conta do avanço do grupo, os EUA enviaram cerca de 700 militares ao país para ajudar no reforço da segurança das instalações americanas.

Nesta quinta, os militantes anunciaram ter o controle de 15 cidades no norte do país.

A barragem de Mossul, a maior do país, também passou para o controle dos rebeldes, cujo objetivo é criar um regime islâmico em territórios atualmente pertencentes ao Iraque e à Síria.

A barragem fornece energia para Mossul e controla o abastecimento de água de uma extensa região do país.

O grupo fundamentalista tomou também um posto militar e invadiu Qaraqosh, importante cidade cristã do país, da qual já fugiram mais de 100 mil habitantes.

Os EUA ocuparam o Iraque entre 2003, quando derrubaram o ditador Saddam Hussein, e 2011.


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