Folha de S. Paulo


Ataque contra escola em Gaza foi 'ato criminoso', diz líder da ONU

A ONU condenou neste domingo (3) o ataque contra uma escola de sua agência para os refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) na cidade de Rafah, em Gaza, que causou a morte de pelo menos 10 civis, e exigiu uma rápida investigação.

"É um ultraje moral e um ato criminoso", denunciou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em comunicado de seu porta-voz, no qual se referiu ao fato como "outra grave violação da lei humanitária internacional".

O diplomata coreano ressaltou que os refúgios da ONU devem ser zonas seguras e lembrou que "as Forças Armadas de Israel foram informadas repetidamente sobre a localização dessas instalações".

"Este ataque, junto com outras violações da legislação internacional, deve ser investigado rapidamente e os responsáveis devem pagar por isso", defendeu o líder da ONU.

"A volta dos combates só exacerbou a crise humanitária e de saúde que está causando estragos em Gaza", lamentou Ban, que exigiu mais uma vez a retomada do cessar-fogo e o início da negociações entre as partes. "Esta loucura deve parar".

Os Estados Unidos também condenaram o ataque à escola. A porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, chamou o ato de "bombardeio vergonhoso" e pediu investigações sobre os ataques a estruturas da ONU.

"Os Estados Unidos estão revoltados com o bombardeio vergonhoso de hoje do lado de fora de uma escola da ONU em Rafah, que abrigava cerca de 3.000 pessoas, em que pelo menos mais dez civis palestinos foram mortos tragicamente", afirmou Psaki em um comunicado.

Durante a atual ofensiva militar, projéteis do exército israelense atingiram complexos da ONU pelo menos outras cinco vezes, em vários casos matando civis.

O último caso aconteceu na quarta (30), quando 15 palestinos morreram e 50 ficaram feridos em outro bombardeio em uma escola da UNRWA em Jabalya, no norte de Gaza, o que suscitou uma onda de condenações internacionais contra Israel.

Segundo o porta-voz da UNRWA, Chris Gunness, o bombardeio aconteceu às 10h50 (horário local; 4h50 em Brasília) e atingiu as imediações da escola da agência em Rafah, onde se refugiam cerca de três mil pessoas que deixaram suas casas.

Nele, morreram dez pessoas e um número indeterminado de vítimas ficaram feridas. O ataque aconteceu dois dias depois da ruptura da última trégua estipulada por israelenses e palestinos.

RETIRADA DE TROPAS

Apesar dos ataques, fontes militares afirmam que Israel começou a retirar parte de suas tropas terrestres da Faixa de Gaza, com exceção da zona de Rafah.

"Estamos completando a retirada de quase todos os setores", disseram as fontes militares à Agencia Efe, ao explicar que hoje o Corpo de Engenheiros concluía a demolição do último dos túneis que o Hamas construiu entre Gaza e Israel.

No final da tarde, um porta-voz militar se limitou a comentar que a "reorganização de tropas" seguia sendo realizada.

No sábado, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que a missão para a qual tinha ordenado a entrada de forças terrestres, a destruição de túneis, estava quase completa e, por isso, o Exército passou a se posicionar em "zonas mais cômodas" para responder aos "interesses de segurança".


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