Folha de S. Paulo


Ataque mata dez em escola de Gaza administrada pela ONU

Um ataque aéreo de Israel matou ao menos dez pessoas e feriu outras 30 neste domingo em um um ataque a uma escola administrada pela ONU na Faixa de Gaza.

A escola ficava em Rafah, perto da fronteira com o Egito e servia como abrigo para cerca de 3.000 palestinos que deixaram suas casas devido aos bombardeios.

"O ataque aéreo atingiu o lado de fora do portão da escola. Há muitos mortos e feridos dentro e fora do prédio, inclusive um funcionário da ONU", disse Adnan Abu Hasna, porta-voz do escritório da ONU em Gaza.

O governo de Israel não se posicionou sobre o caso. É a segunda vez que uma escola é atingida em menos de uma semana.

Em Rafah, um dos lideres do grupo Fatah, Ashraf Goma, disse que as forças israelenses bombardeiam a cidade por ar, terra e mar e que os moradores não conseguem lidar com a quantidade de feridos e de mortos.

"Os feridos estão sangrando nas ruas e os cadáveres são deixados nas estradas. Vi um homem em um carroça levando sete corpos para um hospital. Os corpos eram mantidos em geladeiras para sorvete", disse à agência Reuters.

Autoridades de saúde de Gaza disseram que 30 palestinos morreram neste domingo devido à ataques israelenses.

SOLDADO ENCONTRADO

O Exército israelense anunciou na manhã de domingo a morte do subtenente Hadar Goldin, que vinha sendo considerado desaparecido desde sexta-feira, depois de um confronto com militantes do Hamas na Faixa de Gaza.

"Hadar Goldin faleceu em combate na sexta-feira na Faixa de Gaza", indicou um comunicado militar.

O subtenente Goldin, 23, tinha sido considerado desaparecido após um ataque cometido por um comando palestino na Faixa de Gaza. Seu sumiço levou Israel a suspender uma trégua de três dias que começou na sexta e foi suspensa em poucas horas.

O Exército israelense havia declarado na sexta-feira que o soldado teria sido sequestrado. Mas o braço armado do Hamas afirmava não saber o paradeiro do subtenente Goldin, apesar de ter reivindicado a ação na qual o militar desapareceu. De acordo com as Brigadas Ezedin al-Qassam, o soldado pode ter morrido junto com os combatentes palestinos em um bombardeio israelense.

Centenas de pessoas, incluindo os pais dos três jovens israelenses sequestrados e mortos na Cisjordânia no início de junho, estavam reunidas na noite de sábado diante da casa da família Goldin em Kfar Saba (centro), de acordo com a imprensa.

A mãe de Goldin havia exigido que Israel não retirasse suas tropas da Faixa de Gaza até que seu filho fosse resgatado.

QUASE 2 MIL MORTOS

Sessenta e quatro soldados morreram em combates travados desde 8 de julho, no registro mais pesado para o Exército israelense desde a guerra contra o Hezbollah em 2006.

De acordo com equipes de emergência locais, 1.810 palestinos morreram, em sua grande maioria civis. Já em Israel, além dos 64 soldados mortos, três civis perderam a vida. Esta guerra é a mais mortal dos quatro maiores conflitos entre Hamas e Israel.

Apesar do grande número de perdas, Israel e Hamas haviam deixado claro neste sábado que o conflito iria continuar até que os objetivos de ambos os lados fossem atingidos, ou seja, a destruição do inimigo.

"Prometemos desde o início o retorno à calma para os cidadãos de Israel e vamos continuar a agir até que tenhamos atingido este objetivo. Isto levará o tempo que for necessário e empregaremos toda a força necessária", declarou Netanyahu à imprensa em Tel Aviv.

O premiê de Israel afirmou ainda que as forças armadas israelenses "estão prestes a concluir a neutralização dos túneis de Gaza".

E "quando esta ação contra os túneis estiver concluída, o Exército vai se preparar para realizar suas operações tendo nossa segurança como única preocupação", alertou, sem dar mais detalhes sobre a missão que será dada aos soldados.

O Hamas também prometeu que vai continuar lutando. "Vamos manter nossa resistência até que nossos objetivos sejam alcançados. Netanyahu quer reivindicar uma falsa vitória de seu governo e de seu Exército", afirmou o porta-voz do movimento, Fawzi Barhum, que se manifestou logo depois das declarações do premiê israelense.


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