Folha de S. Paulo


Premiê israelense diz que destruirá túneis do Hamas com ou sem trégua

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse nesta quinta-feira (31) que Israel vai destruir a rede de túneis do Hamas na faixa de Gaza "com ou sem um cessar-fogo", no mesmo dia em que o Exército convocou mais 16 mil reservistas para a ofensiva no território palestino.

"Nós neutralizamos dezenas de túneis terroristas e temos o compromisso de completar esta missão, com ou sem um cessar-fogo", disse Netanyahu. "Por isso, eu não vou aceitar qualquer oferta [de cessar-fogo] que não permita que o Exército conclua esta importante missão para a segurança do povo de Israel".

Por outro lado, o Hamas só aceitará o cessar-fogo quando receber garantias de que o bloqueio das fronteiras por Israel e pelo Egito –reforçado depois que o grupo militante islâmico tomou o poder em Gaza em 2007– será suspenso.

Jack Guez/AFP
Soldado israelense prepara armamento na fronteira entre Israel e a faixa de Gaza
Soldado israelense prepara armamento na fronteira entre Israel e a faixa de Gaza

Israel diz que a maioria dos 32 túneis descobertos –que são usados pelo grupo radical Hamas para se infiltrar em Israel– já foram demolidos e que destruir os restantes não levará mais do que alguns dias.

O porta-voz do Pentágono, o contra-almirante John Kirby, confirmou na quarta-feira (30) as informações sobre o envio a Israel de mais material de guerra dos EUA a pedido do Exército israelense.

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou nesta quinta-feira os Estados Unidos por proporcionar armamento ao Exército israelense e não fazer o suficiente para deter a ofensiva contra Gaza.

"Os Estados Unidos têm influência sobre Israel e deveriam fazer mais para parar as mortes, para que as partes em conflito dialoguem", disse Pillay em entrevista coletiva.

ONU

Pillay também acusou Israel de desafiar deliberadamente o direito internacional em sua guerra contra o Hamas em Gaza.

Pillay condenou os ataques israelenses contra casas, escolas, hospitais e centros da ONU em Gaza: "Nenhum deles parece acidental, mas um ato de desafio deliberado de suas obrigações derivadas do direito internacional", declarou em uma coletiva de imprensa em Genebra.

Os bombardeios israelenses na faixa de Gaza causaram nesta quarta-feira (30) mais de 100 mortes de palestinos, incluindo 17 em um mercado e 16 em uma escola que abrigava refugiados palestinos sob a direção da ONU. Três soldados israelenses também morreram.

"É absolutamente inquestionável que os princípios de proporcionalidade e de precaução foram ignorados" por Israel, declarou Pillay.

Por sua vez, a ex-juíza sul-africana destacou que "as duas partes cometem graves violações dos direitos humanos que poderiam constituir crimes para o direito internacional humanitário e os direitos humanos".

Desde o início da operação Margem Protetora, em 8 de julho, já foram mais de 1.300 palestinos mortos, na maioria civis, e 59 israelenses mortos –56 militares e três civis.

De acordo com um porta-voz israelense, a convocação dos reservistas visa permitir o descanso das tropas que se encontram em ação. Com o anúncio desta quinta, o número de reservistas mobilizados para a operação totaliza 86 mil.

CONDENAÇÃO

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou o bombardeio na escola de "ultrajante" e "injustificável", e exigiu um cessar-fogo humanitário imediato. "Nada é mais vergonhoso do que atacar crianças enquanto dormem", disse o líder da ONU.

A Casa Branca também criticou o ataque em Jabaliya. "Estamos extremamente preocupados que milhares de palestinos deslocados, que receberam o aviso do Exército israelense para deixarem suas casas, não estão seguros em abrigos da ONU", disse Bernadette Meehan, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

A UE pediu a investigação dos bombardeio que considerou "inaceitável".


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