Folha de S. Paulo


Auxiliares de Dilma se indignam com crítica de Israel ao Brasil

Autoridades do governo Dilma Rousseff receberam com indignação e surpresa a declaração feita pela diplomacia de Israel, nesta quinta-feira (24), de que o Brasil é um gigante cultural e econômico, mas "politicamente irrelevante".

O Itamaraty e o Palácio do Planalto estudam a melhor reação para um comentário considerado "tão duro".

Se, de um lado, alguns diplomatas brasileiros alertam para que não se "bata boca" com Tel Aviv, outros analisam ser necessário uma resposta enérgica da própria presidente da República para responder a crítica à altura.

Em avaliações internas, considera-se que poucas frases podem ferir tanto a "autoestima" do Itamaraty como a proferida por Israel. A mensagem de Israel foi dada à Folha após o Ministério das Relações Exteriores brasileiro divulgar nota veemente criticando a "desproporcional" ofensiva de Israel sobre civis palestinos em Gaza.

No Brasil, uma das reações possíveis para demonstrar forte contrariedade é deixar Tel Aviv sem embaixador brasileiro por tempo indeterminado em sinal inequívoco de desaprovação. Na quarta-feira, o Itamaraty chamou ao Brasil para consultas o embaixador brasileiro em Israel, outra demonstração de reprovação.

À Folha, a chancelaria de Israel afirmou oficialmente que "o Brasil está escolhendo ser parte do problema, em vez de integrar a solução". "Seu comportamento nesta questão ilustra a razão por que esse gigante econômico e cultural permanece politicamente irrelevante."

O gesto foi recebido, porém, com loas na faixa de Gaza. Palestinos se aproximavam da reportagem da Folha para agradecer. "Obrigado por convocar seu embaixador", disse Tawfiq Abu Jamaa, em Khan Yunis. "O Brasil é melhor do que os países árabes, como o Egito, que não fazem nada".


Endereço da página:

Links no texto: