Folha de S. Paulo


Agentes dos EUA dizem não ter provas de relação da Rússia com tragédia

Membros do serviço de inteligência dos Estados Unidos informaram nesta terça-feira (22) à imprensa que não têm provas de participação da Rússia na derrubada do Boeing-777 da Malaysia Airlines no leste da Ucrânia.

A aeronave caiu na última quinta (17) na região de Donetsk, enquanto ia de Amsterdã a Kuala Lumpur. O local da queda era controlado por separatistas pró-Rússia, que são os principais acusados da derrubada.

Em entrevista às agências de notícias Associated Press e Reuters e à emissora de televisão CNN, os funcionários do governo americano afirmam que os rebeldes contrários ao governo ucraniano podem ter abatido a aeronave por engano.

Também não há evidências de que os responsáveis pela derrubada tenham recebido treinamento na Rússia. Mesmo sem provas da relação de Moscou com a tragédia, os agentes afirmam que os russos criaram as condições para a derrubada.

Dentre os motivos para isso, está o fornecimento de armas e recursos aos separatistas. Os agentes de inteligência analisam ainda fotos de satélite, vídeos e postagens em redes sociais para descobrir quem é o responsável pelo disparo.

Nesta terça, os primeiros corpos dos 298 passageiros mortos na derrubada do avião chegaram a Kharkov, de onde serão levados para Amsterdã, local em que devem ser identificados por peritos holandeses.

Os separatistas haviam afirmado que seriam enviados 282 corpos inteiros e partes de outros 16. No entanto, as autoridades holandesas dizem que apenas 200 corpos chegaram no trem que saiu da região da queda.

Os primeiros restos mortais devem chegar a Amsterdã na tarde de quarta (23). O premiê holandês, Mark Rutte, decretou um dia de luto nacional. Ao pousar o avião militar com os corpos, será marcado um minuto de silêncio em todo o país.

SANÇÕES

Mais cedo, ministros das Relações Exteriores de países da União Europeia se reuniram para tentar aprovar novas sanções à Rússia devido à queda do avião. As novas restrições ao Kremlin, no entanto, despertaram a divisão entre países.

Enquanto um bloco, liderado pelo Reino Unido, argumentam que é necessário o aumento da pressão por causa da tragédia, outros países são mais cautelosos. Neste grupo, estão Alemanha e França, com negócios estratégicos com os russos.

A Rússia fornece um terço do petróleo e do gás natural consumidos pelos alemães, enquanto os franceses entregam nos próximos meses dois navios de guerra aos russos, em um acordo de € 1,1 bilhão (R$ 3,3 bilhões).


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