Folha de S. Paulo


Apesar da pressão por mais sanções, França seguirá com venda de navio à Rússia

A França afirmou que vai continuar com a venda de um navio de guerra para a Rússia, apesar da pressão por mais sanções contra Moscou.

As potências ocidentais alegam que os russos estão dando suporte aos rebeldes separatistas do leste da Ucrânia, região em que um avião da Malaysia Airlines com 298 pessoas a bordo foi derrubado na última quinta-feira (17). Segundo os Estados Unidos, por um míssil terra-ar.

Ministros das Relações Exteriores europeus se reuniram nesta terça-feira (22) para discutir mais sanções contra a Rússia, mas concordaram em impor apenas o congelamento de ativos contra indivíduos russos, mantendo as relações comerciais intactas.

Alguns países, como o Reino Unido, argumentaram que o desastre do voo MH17 acirrou os ânimos e que a Europa não pode diminuir a pressão contra a Rússia.

Mas outras nações são mais cautelosas, ao lembrar de eventuais custos caso as relações comerciais sejam prejudicadas.

Um terço do petróleo e do gás natural importado pela Alemanha é proveniente da Rússia. Um acordo comercial de Moscou com a França incluem a entrega de dois navios de guerra, no que é a maior venda de equipamento militar de um país membro da Otan (aliança militar ocidental) para a Rússia.

O presidente francês, François Hollande, lembrou na noite desta segunda (21) dos custos de um cancelamento do acordo. O primeiro navio, chamado Vladivostok, está quase finalizado e deve ser entregue em outubro.

"Os russos pagaram. Nós teríamos de reembolsar 1,1 bilhão de euros", disse Hollande, que afirmou, porém, que a entrega da segunda embarcação "depende da atitude da Rússia". O Sebastopol deve ser concluído no final de 2015.

Cada navio pode levar 700 soldados, 16 helicópteros e cerca de 50 veículos blindados.

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Pavlo Klimkin, criticou a venda, dizendo se tratar de uma violação do código de conduta da União Europeia, que proíbe países membros de exportar armas "caso elas provoquem ou prolonguem conflitos armados ou agravem tensões existentes".

A porta-voz do Departamento de Estado norte-americano também criticou o acordo francês. "Nós claramente pensamos que isso é completamente inapropriado e dissemos a eles [os franceses] para não fazer isso", afirmou Harf para repórteres em Washington.

As sanções norte-americanas contra a Rússia foram mais duras que as europeias. Na semana passada, o presidente Barack Obama anunciou sanções tendo como alvo duas principais empresas de energia, incluindo a Rosneft, duas instituições financeiras, oito empresas de armas e quatro indivíduos.


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