Um ataque das Forças Armadas israelenses com artilharia contra um hospital da cidade de Deir al-Balah, no centro de Gaza, deixou pelo menos quatro mortos, informaram fontes médicas e testemunhas.
"Quatro pessoas morreram e mais de 50 ficaram feridas, incluindo paramédicos, enfermeiras e civis por causa dos disparos", denunciou porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf Al Qedra, à imprensa.
Os ataques nesta segunda acontecem apesar do pedido de cessar-fogo imediato do Conselho de Segurança da ONU.
O órgão expressou no domingo (20) sua "séria preocupação" com a escalada da violência na região.
Após uma reunião de duas horas sobre o conflito em Gaza, a ONU fez um apelo para "o respeito das leis humanitárias internacionais, incluindo a proteção dos civis", segundo comunicado lido pelo presidente rotativo do Conselho, o ruandês Eugene Gasana.
O presidente americano, Barack Obama, disse que enviará seu secretário de Estado, John Kerry, ao Cairo nesta segunda-feira (21) e declarou buscar um cessar-fogo.
A ONU pede um cessar-fogo baseado nos convênios assinados em novembro de 2012 que permitiram o fim de hostilidades, após o último conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, que controla a faixa de Gaza.
O Conselho agradeceu os esforços do Egito para que as partes alcancem um cessar-fogo, trabalho na qual está sendo apoiado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Ban está de viagem pelo Oriente Médio a fim de impulsionar com líderes regionais um cessar-fogo, depois do dia mais violento do conflito, no domingo (20), com ao menos 87 civis palestinos e 13 soldados israelenses mortos.
Na capital do Qatar, Doha, Ban se reuniu com líderes palestinos e com autoridades catarianas. Depois desta etapa foi para o Kuwait para depois continuar com sua viagem ao Cairo, Jerusalém, Ramallah e Amã.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU também fará uma reunião de emergência sobre o conflito na quarta (23), a pedido do Egito, Palestina e outros países islâmicos.
SHEJAIYA
A Jordânia pediu a reunião do Conselho de Segurança depois dos ataques de Israel ao bairro de Shejaiya, na Cidade de Gaza, no domingo.
Cerca de 72 palestinos morreram em Shejaiya, além de 13 soldados israelenses, incluindo dois com cidadania americana –foi a maior perda em um único dia do Exército israelense desde 2006.
O presidente palestino, Mahmud Abas, que se reuniu no domingo em Doha com Ban, classificou em uma mensagem televisionada o bombardeio de Shejaiya de "crime contra a humanidade", cujos autores devem ser julgados e punidos.
"Shejaiya é uma zona civil onde o Hamas mobilizou seus foguetes, constrói seus túneis e tem seus centros de comando (...) Advertimos os civis a deixarem o local, mas o Hamas ordenou que permanecessem...", justificou o Exército israelense.
O número de mortos no conflito, iniciado no último dia 8, passa de 500. Os israelenses mortos somam 20, sendo dois civis.
CONFLITO
Na manha desta segunda-feira, ao menos nove palestinos de uma mesma família, entre eles quatro crianças, morreram em um ataque aéreo israelense contra sua casa em Rafah.
Em Khan Yunes, também no sul, foram encontrados os corpos de 16 pessoas sob os escombros de uma casa também alvo de um bombardeio.
Dois grupos de combatentes palestinos se infiltraram no sul de Israel, sendo que um deles foi atacado por aviões e soldados abriram fogo contra o outro, matando pelo menos 10 militantes do Hamas.
Membros do Hamas já tentaram várias vezes entrar em Israel através de uma vasta rede de túneis escondidos.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, começou o ataque terrestre à Gaza na quinta-feira (17), prometendo destruir os túneis e pôr fim ao ataques de foguetes contra Israel.
O braço militar do Hamas anunciou no domingo que tinha capturado um soldado israelense durante os combates. O grupo identificou o homem como Shaul Aron e mostrou seus documentos de identificação, mas não mostrou nenhuma prova do sequestro. Embora o embaixador de Israel nas Nações Unidas tenha negado a alegação, o Exército de Israel disse que ainda estava investigando.
Se confirmado, Aron seria o primeiro soldado israelense mantido em cativeiro na faixa de Gaza desde 2011, quando Israel libertou mais de mil prisioneiros palestinos em troca de Gilad Shalit, um soldado que esteve em cativeiro por mais de cinco anos.
A nova espiral de violência foi desencadeada após o sequestro e o assassinato de três estudantes israelenses em junho, atribuídos por Israel ao Hamas, seguidos pelo assassinato de um jovem palestino, queimado vivo em Jerusalém.