Folha de S. Paulo


Análise: Dois dos piores desastres da história são de aviões abatidos

Embora não seja uma ocorrência comum, dois dos dez maiores desastres da aviação comercial no mundo são de aeronaves abatidas –ambos em período de conflito.

Até então, o pior havia sido em 3 de julho de 1988, quando um Airbus A300 da Iran Air foi atingido por dois mísseis minutos depois de decolar do aeroporto iraniano de Bandar rumo a Dubai.

Com a cauda e uma das asas atingida, o avião ficou sem controle e caiu no mar; 290 pessoas morreram.

Os mísseis foram disparados do navio de guerra americano USS Vincennes.

Na ocasião, segundo o governo dos EUA, o Airbus foi confundido com um caça iraniano. Eram tempos da guerra Irã-Iraque, que se deu entre 1980 e 1988 e na qual os EUA apoiaram o Iraque.
Para os iranianos, a ação foi tida como proposital.

Editoria de Arte/Folhapress

Quase cinco anos antes, em 1º de setembro de 1983, 269 pessoas morreram na queda de um Boeing 747-200, que partira de Nova York, havia parado em Anchorage (Alasca) e ia para Seul.

O voo 007, da Korean, se desviou do curso original e entrou em espaço aéreo soviético e passou a ser acompanhado por caças. Minutos depois saiu e tornou a entrar de novo –e foi atingido por mísseis disparados de caças, caindo no oceano Pacífico.

Segundo relatório da Oaci (Organização Internacional de Aviação Civil, ligada à ONU), os soviéticos provavelmente confundiram o jato com uma aeronave militar americana que um dia antes sobrevoara a mesma área.
O período era de Guerra Fria entre EUA e União Soviética, que só acabaria em 1991.

Outro desastre marcante, embora fora da lista dos dez piores, foi o atentado de Lockerbie, na Escócia, em 21 de dezembro de 1988.

Uma bomba explodiu a bordo do Boeing 747 da Pan Am, o que resultou na morte de todas as 270 pessoas a bordo. O atentado foi atribuído a ordem do ditador Muammar Gaddafi [1942-2011].

Segundo a Aviation Safety Network, base que reúne informações sobre acidentes aéreos, 16 aviões comerciais que faziam voos regulares de passageiros haviam sido alvo de ataques, por tiros ou mísseis, feitos do chão, após a Segunda Guerra Mundial. Em 12, houve mortes.

Tampouco houvera ataque a um Boeing-777 como o da Malaysian, avião com só três acidentes até então –um com o voo da Malaysia que desapareceu em março ao ir de Kuala Lumpur a Pequim.
'não é acidente'

O que houve na Ucrânia não é um acidente a ser investigado a fim de prevenir novos desastres, diz o brigadeiro da reserva Jorge Kersul.

"Quando é algo provocado, como um ato criminoso por míssil ou bomba, a apuração fica com polícia, porque não há nenhum benefício à prevenção de novos acidentes, o principal objetivo de uma investigação", diz.

Ele afirma que a disposição dos destroços, espalhados por 15 km, é compatível com a de uma explosão. Kersul foi chefe do Cenipa (órgão da Aeronáutica responsável por apurar acidentes) nos desastres da Gol (2006), TAM (2007) e Air France (2009), os três piores da história do Brasil.


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