Folha de S. Paulo


Netanyahu define ações de ataque contra grupo radical Hamas

O primeiro-ministro de Israel Binyamin Netanyahu elencou nesta terça-feira (1º) três ações contra o Hamas como retaliação à morte de três adolescentes judeus.

Os corpos dos garotos desaparecidos desde o último dia 12 foram encontrados nesta segunda (30), em local próximo a Hebron, na Cisjordânia. O governo israelense culpou o grupo radical Hamas, que controla a faixa de Gaza, o que foi negado pelo seu líder.

Antes de uma segunda reunião de gabinete nesta terça para discutir o caso, Netanyahu disse que as prioridades são encontrar os culpados, enfraquecer a estrutura do Hamas na Cisjordânia e criar uma operação contra o grupo na faixa de Gaza.

"Não vamos descansar enquanto não encontrarmos o último [dos culpados]. É a nossa primeira missão", declarou.

Nações Unidas, EUA e Egito pediram moderação a Netanyahu, diante da possibilidade de maiores confrontos na região instável.

"Natanyahu não deve testar nossa paciência", disse o porta-voz do Hamas, Abu Zuhri.

Um grupo desconhecido, os Partidários do Estado Islâmico, que jurou lealdade ao Estado Islâmico no Iraque e No Levante (EIIL), que age na Síria e no Iraque, reivindicou as mortes.

ENTERRO

Nesta terça, os corpos de Eyal Yifrah, 19, Gilad Shaar, 16, e Naftali Fraenkel, 16, foram enterrados em Modiin, entre Jerusalém e Tel Aviv.

Cerca de 50 mil pessoas acompanharam o funeral, assim como Natanyahu e o chefe do Estado, Shimon Peres. O premiê disse que o dia era de luto nacional.

"Descanse em paz, minha criança. Nós aprenderemos a cantar sem você", disse Rachel Frenkel, mãe de Naftali. Ela também agradeceu os soldados que participaram das buscas. O ministro da Defesa de Israel, Moshe Ya'alon, disse aos pais dos mortos que "a tristeza que envolve vocês também envolve todo o país", segundo o jornal local "Haaretz".

Baz Ratner/Reuters
O casal Rachel and Avi Fraenkel, durante o funeral do filho Naftali, 16, em Israel
O casal Rachel and Avi Fraenkel, durante o funeral do filho Naftali, 16, em Israel

Em Jerusalém, centenas de jovens de extrema-direita realizaram uma marcha pela rodovia principal e pediram vingança. Os manifestantes se espelharam por Jerusalém em busca de árabes e entraram em confronto com a polícia. Cinco palestinos foram atacados e 50 suspeitos foram detidos, segundo o jornal local "Haaretz".

O sequestro dos garotos mobilizou a sociedade israelense e provocou uma ampla operação de busca na Cisjordânia. O Exército prendeu 422 palestinos –335 membros do Hamas, segundo o "Haaretz".

Durante uma ação no campo de refugiados próximo à cidade de Jenin, na Cisjordânia, nesta terça, um palestino foi morto por soldados de Israel. Segundo o Exército, Yousouf Ibrahim, 19, havia lançado uma granada contra os militares.

Ibrahim foi o sexto palestino morto desde que os adolescentes foram sequestrados, mas autoridades palestinas elevam o número a 12.

Netanyahu, por meio de seu porta-voz, pediu ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, que desfaça a aliança com o Hamas, grupo considerado terrorista. Após anos de ruptura, Fatah, que governa a Cisjordânia, e Hamas oficializaram um governo de unidade no mês passado.

"Essa atrocidade [...] mostra que o Hamas não mudou. Ele continua uma organização terrorista vil que ameaça todos os civis israelenses", disse o porta-voz.

Os militares israelenses atacaram 34 alvos em Gaza na madrugada desta terça, mas relacionaram a ação aos 18 foguetes lançados contra Israel desde domingo. Dois palestinos ficaram feridos.

O Exército contabilizou dez foguetes lançados de Gaza nesta terça. Dois aterrizaram em Israel, mas não houve feridos.


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