Folha de S. Paulo


Mãe de israelense desaparecido faz apelo pela libertação na ONU

A mãe de um dos três adolescentes israelenses supostamente sequestrados por palestinos pediu nesta terça-feira (24) ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que façam algo para que seu filho e os colegas sejam libertados.

"Venho aqui como mãe", afirmou Rachel Frankel no fórum da ONU, junto às mães de outros dois jovens também desaparecidos.

Seu filho, Naftali Frankel, de 16 anos, descrito com um bom aluno que gosta de basquete e guitarra, desapareceu em 12 de junho junto com Eyal Yifrach e Gilad Shaar.

"Desde então, não soubemos de nada. Nenhuma notícia ou sinal de vida", afirmou Frankel.

"Meu filho me mandou uma mensagem e disse que estava a caminho de casa. O pesadelo de qualquer mãe é ficar esperando seu filho chegar em casa", acrescentou.

Reuters
Os adolescentes Naftali Frankel, Gilad Shaar e Eyal Yifrach que desapareceram na Cisjordânia
Os adolescentes Naftali Frankel, Gilad Shaar e Eyal Yifrach que desapareceram na Cisjordânia

Frankel agradeceu ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e à Cruz Vermelha Internacional por condenarem o suposto sequestro.

"No entanto, acho que muitos podem e devem fazer mais. Por isso nos apresentamos ante a ONU e ante o mundo para pedir que nos devolvam nossos filhos", concluiu.

Israel acusou o movimento islamita palestino Hamas de sequestrar os três adolescentes, desaparecidos há 12 dias quando pegavam carona perto da colônia judia de Gush Etzión, onde estudavam.

As autoridades israelenses lançaram uma operação militar para localizá-los, com revistas massivas em residências, estabelecimentos públicos e até em poços de água.

O chefe do movimento palestino Hamas, Khaled Meshaal, disse não ter informações sobre os três adolescentes israelenses, mas afirma apoiar "qualquer ação de resistência".

Em uma entrevista à rede do Catar Al-Jazeera, o chefe do gabinete político do movimento palestino declarou: "Francamente, não temos informação sobre o que ocorreu".

Mas Meshaal, que vive em Doha, acrescentou que se ficar demonstrado que os israelenses desaparecidos foram sequestrados "seria uma reação lógica e natural às violações das forças de ocupação" israelenses.

ÁRABES

O apelo de Frenkel foi seguido do discurso de uma representante da ONG Federação de Mulheres Árabes, que se solidarizou com o sofrimento das mães, mas ao mesmo tempo comentou que não podia deixar de surpreender a atenção midiática que esse caso vem recebendo frente à "pouca atenção ao sofrimento pelo sequestro da sociedade palestina inteira".

O caso dos jovens desaparecidos, criticou, "está sendo explorado politicamente para justificar e consolidar a ocupação ilegal" dos territórios palestinos por parte de Israel.

De acordo com a ONG, há 190 palestinos, "muitos abaixo dos 15 anos" confinados em centros de detenção israelenses.

"Em toda a Palestina não há uma só família que não tenha um de seus membros desaparecido ou detido", afirmou.

Mas de 500 palestinos foram presos durante a operação para encontrar os três estudantes desaparecidos, segundo informou nesta terça a Sociedade de Presos Palestinos. De acordo com a organização, 529 pessoas foram detidas, dos quais 129 em Hebron e seus arredores, próximo do local onde desapareceram os três jovens.

Outras 87 foram presas em Nablus, 75 em Belém, 52 em Jenin, 49 em Ramala, 36 em Jerusalém Oriental, 23 em Tulkarem, 13 em Qalqiliya, sete em Tubas, sete em Salfit e uma em Jericó.

Além disso, a operação, que segundo o próprio exército israelense tem como segundo objetivo destruir a infraestrutura civil do movimento islamita Hamas na Cisjordânia, deixou seis palestinos mortos e cerca de 120 feridos.


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