Folha de S. Paulo


Obama pressiona Putin a contribuir para paz na Ucrânia

O presidente americano, Barack Obama, pediu nesta segunda (23) ao presidente russo, Vladimir Putin, que apoie a paz na Ucrânia e alertou que Moscou poderá enfrentar "custos" caso não contribua para a redução da tensão no país.

"Obama falou com o presidente Putin e pediu que ele apoie a paz em vez de deixar armas passarem pela fronteira e dar ajuda para os militantes separatistas que estão desestabilizando a Ucrânia", disse o porta-voz da Casa Branca Josh Earnest.

"A Rússia enfrentará mais custos se não virmos ações concretas para reduzir a escalada de tensão na Ucrânia.", Earnest disse sobre a conversa entre os dois presidentes por telefone.

Estados Unidos e União Europeia impuseram sanções a indivíduos e empresas específicos da Rússia e da Ucrânia em resposta à crise no país.

Com as sanções, os bens de algumas pessoas foram congelados nos EUA e na UE, além de seus vistos terem sido suspensos.

Já Putin enfatizou a importância do cessar-fogo declarado pela Ucrânia na sexta (20) e pelos separatistas nesta segunda (23) e das negociações diretas entre as duas partes.

"Vladimir Putin enfatizou que um cessar-fogo real dos combates e o início de conversações diretas entre as partes em conflito são a mais alta prioridade para a normalização das situação nas regiões do sudeste da Ucrânia", indicou o Kremlin em um comunicado publicado depois da conversa por telefone entre os dois presidentes.

CESSAR-FOGO

Líderes separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia anunciaram um cessar-fogo até o dia 27 deste mês, segundo um deles disse nesta segunda.

"Em resposta ao cessar-fogo declarado por Kiev, nós nos comprometemos também com um cessar-fogo de nossa parte", disse Alexander Borodai. primeiro-ministro da autoproclamada República de Donetsk.

A disposição dos rebeldes em aceitar o cessar-fogo foi anunciada após as negociações em Donetsk entre líderes separatistas, o embaixador da Rússia na Ucrânia, Mikhail Zurabov, e representantes da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), com a mediação do ex-presidente ucraniano Leonid Kuchma.

"A consulta terminou com autoridades de Lugansk e Donetsk concordando em manter um cessar-fogo pela sua parte até o dia 27", disse Borodai.

As duas regiões do leste do país declararam independência, o que não foi reconhecido por Kiev.

Na última sexta (20), o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, declarou um cessar-fogo unilateral do Exército como parte de um plano de paz para acabar com os confrontos com os separatistas do leste.

Borodai também prometeu que os insurgentes irão libertar os observadores da OSCE que foram sequestrados por eles.

Esta segunda foi o primeiro dia sem violência na Ucrânia em semanas. No último fim de semana, mesmo após o cessar-fogo do governo, houve ataques militares no país.

Desde o início dos confrontos separatistas no leste em abril, 150 militares ucranianos morreram, além de separatistas e civis.

A insurgência separatista pró-russa veio após a derrubada do presidente Viktor Yanukovich, aliado de Moscou, em fevereiro, e a anexação da Crimeia pela Rússia.

CRIMEIA

Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) decidiram nesta segunda proibir as importações de produtos da Crimeia, e reiteraram a condenação do bloco à "anexação ilegal" da península pela Rússia.

"Está proibida a partir de hoje a importação para a União Europeia de mercadorias originárias da Crimeia ou de Sebastopol", afirmaram os ministros.

Esta proibição, contudo, perderá o efeito caso os produtos em questão sejam certificados pelas autoridades ucranianas de Kiev.

Os 28 países-membros da UE também decidiram "proibir os serviços financeiros e os seguros vinculados a essas importações".

A UE impôs sanções a russos e ucranianos ligados à anexação da Crimeia pela Rússia ou que tenham contribuído para a desestabilização da Ucrânia.


Endereço da página: