Folha de S. Paulo


Atos de apoio a meninas sequestradas são proibidos na capital nigeriana

As manifestações de apoio às cerca de 200 estudantes sequestradas pelo grupo radical islâmico armado Boko Haram foram proibidas na capital federal nigeriana Abuja, anunciou nesta segunda-feira a polícia, que alega risco de atentados.

O anúncio da polícia surpreendeu as pessoas que protestam com o lema "Bring Back our Girls" (tragam nossas meninas de volta) em Abuja e em outras cidades do país desde o sequestro, no dia 14 de abril em Chibok.

Essa decisão foi tomada "por motivos de segurança", indicou à AFP o porta-voz da polícia para o território da capital federal, Altine Daniel, que não deu maiores detalhes.

As organizadoras dos protestos contestaram a legitimidade da medida, questionando uma eventual motivação política. Mas o chefe da polícia local, Joseph Mbu, afirmou que a proibição foi motivada pela ameaça de infiltração de "elementos perigosos" que podiam cometer atentados.

No Twitter, uma das responsáveis pelas manifestações, Oby Ezekwesili, afirmou que não há base alguma para "proibir manifestações pacíficas" em Abuja.

"Esta decisão é louca", reagiu o advogado das organizadoras, Femi Falana, afirmando que a decisão deve ser contestada na justiça "o mais rápido possível".

Uma nova manifestação deve ser realizada terça na capital federal, segundo uma porta-voz.

O destino das jovens sequestradas em sua escola no estado de Borno, epicentro da insurreição islamita, suscitou uma imensa mobilização internacional, principalmente nas redes sociais com a hashtag #bringbackourgirls.

O anúncio da proibição foi feito no dia seguinte a um atentado no nordeste, que ainda não foi reivindicado. As autoridades acusam o Boko Haram.

Uma bomba explodiu domingo em um campo de futebol na cidade de Mubi, estado de Adamawa, um dos três em estado de emergência há mais de um ano, desde o início da ofensiva das forças de segurança para combater os islamitas armados.

Fontes de segurança e dos serviços de saúde indicaram pelo menos 40 mortos no atentado.

Após uma decisão tomada há duas semanas pela ONU, a União Europeia incluiu o Boko Haram em sua lista de organizações terroristas.


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