Folha de S. Paulo


Papa pede que nunca mais se repita uma monstruosidade como o Holocausto

O papa Francisco pediu, nesta segunda-feira (26), que uma "monstruosidade" e um "pecado" como o Holocausto não voltem a se repetir.

O apelo fez parte do último dia da visita do pontífice pelo Oriente Médio. Mais cedo, em Jerusalém, ele havia visitado o túmulo de Theodor Herzl (1860-1904), pai do sionismo, sendo o primeiro papa a fazê-lo na história.

A homenagem foi interpretada, em Israel, como uma reparação à recusa do papa Pio 10 (1835-1914) de apoiar o movimento pela criação de um Estado judeu quando encontrou-se com Herzl, em 1904.

A demonstração de apoio por parte de Francisco serviu de contraponto a suas ações na véspera, quando também fora o primeiro papa a voar diretamente à Cisjordânia e a chamar o território de "Estado da Palestina", entidade que Israel não reconhece.

O pontífice quebrou ainda o protocolo no domingo (25) e, a caminho de uma missa nos territórios palestinos, rezou diante do muro que separa Belém de Jerusalém, um ícone da ocupação israelense da Cisjordânia.

Outra ação marcante durante a viagem, iniciada no sábado (24) na Jordânia, foi convidar os presidentes de Israel, Shimon Peres, e da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, para uma reunião no Vaticano. Ambos aceitaram.

FÔLEGO

Francisco, 77, cumpriu nesta segunda uma agitada agenda que incluiu, em poucas horas, diversas reuniões.

Ele esteve com autoridades islâmicas nas imediações da mesquita de Al-Aqsa e, depois, com líderes judaicos diante do Muro das Lamentações. Ele orou e depositou um envelope entre as fissuras do muro –reproduzindo uma tradição judaica de pôr papéis com orações a Deus no local. Além do túmulo de Herzl, ele foi ao Yad Vashem, memorial ao Holocausto.

Por volta do meio-dia, o pontífice foi recebido por Shimon Peres em sua residência, onde fez um breve discurso pedindo que Jerusalém seja de fato uma cidade da paz.

Além de diplomatas e líderes religiosos, alunos árabes de escolas cristãs assistiram ao evento. Antes da entrada de Francisco, uma freira lhes ensinava a gritar "viva el papa!" em espanhol. A maioria confundiu-se e gritou "viva la papa!".

"Só quero uma coisa", disse Wesam Salem, 16, à Folha. "Que o papa crie um time de futebol no Vaticano." Francisco gosta de futebol e é torcedor do clube San Lorenzo, de Buenos Aires.

O papa encontrou-se ainda com crianças com câncer para benzê-las. O pianista Alberto Aredez levou sua filha, Laura, 19, para a cerimônia. Ela não enxerga e tem deficiência mental. "É uma honra para a nossa família", disse Aredez, referindo-se ao encontro com o papa.

O pontífice reuniu-se, também, com o premiê Binyamin Netanyahu –que, à despedida, o acompanhou, ao lado do presidente Peres, no aeroporto. Ali, o papa recebeu honras de chefe de Estado e, por volta das 20h locais, partiu de volta para Roma.


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